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Os “bicharocos” que o escritor Valter Hugo Mãe desenha nos intervalos dos livros

24 fev, 2022 - 07:11 • Maria João Costa

“Parece um pássaro, mas é um pirilampo ou um louva-a-deus” é a exposição inaugurada na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, na Póvoa de Varzim que dá a conhecer o outro lado do escritor Valter Hugo Mãe. São desenhos que fez enquanto escrevia um livro.

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Na Póvoa de Varzim está a nascer um Museu de Arte Contemporânea. O primeiro passo foi dado ontem com uma exposição de desenho que foi inaugurada na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto. O artista, é também escritor. Valter Hugo Mãe deu a conhecer os desenhos que fez enquanto escreveu um dos seus últimos livros

“Parece um pássaro, mas é um pirilampo ou um louva-a-deus” é o nome da exposição que reúne os desenhos que o autor fez enquanto escrevia o livro “Contramim”. Editado em 2020 pela Porto Editora, a obra é um dos livros mais autobiográficos de Valter Hugo Mãe.

À Renascença, o autor explica que os desenhos surgem “muitas das vezes nos impasses”, mas admite que “também nas fúrias” que lhe acontecem enquanto escreve. Desenhar tem por isso esse lado terapêutico assume o escritor que sempre desenhou desde criança.

Em fundo preto, os traços a branco ou vermelho são na descrição de Valter Hugo Mãe, “bicharocos” que o ajudam a “domesticar” para que posso regressar à escrita.

E se é sentado ao computador que Valter Hugo Mãe escreve, é deitado que os desenhos nascem. O autor diz que não gosta de interromper a escrita com caminhadas ou outro tipo de distrações, confessa que prefere esticar o corpo na cama.

“Estes desenhos aconteceram todos nesse instante em que me deito, e estou nas minhas almofadas, estendido na minha cama. Pego nos cadernos ou nas folhas que são sempre pequenas e procuro alguma coisa que não me obrigue a desviar a atenção do livro”, explica o escritor sobre este seu outro lado criativo.

Admite que não se revê como artista, diz de si que é sem dúvida um escritor. Expor estes desenhos “íntimos”, como os descreve, foi de certa forma “colocar a nu” um lado pessoal. “Não tenho a consciência absoluta do desenho que fiz, não o domino por completo” explica o autor perante as obras agora expostas em quadros e em telas gigantes na biblioteca da Póvoa de Varzim.

Esta exposição é a que marca o pontapé de saída daquele que será o projeto do futuro Museu de Arte Contemporânea da Póvoa de Varzim. O seu mentor é Tomás Carneiro, o curador da exposição de Valter Hugo Mãe que em entrevista à Renascença explica que a ideia é começar a juntar um espólio de arte, através de diversas exposições, para um dia mais tarde a autarquia poder ter argumentos para edificar o museu.

A exposição de Valter Hugo Mãe, organizada no âmbito do Festival Literário Correntes d’Escritas pode ser visitada nos próximos meses.

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