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Jade. A retratista que a pandemia despertou

08 nov, 2021 - 07:49 • Liliana Carona

Descendente do pintor Abel Manta, está a concluir o doutoramento em engenharia eletrotécnica em Aveiro e sonha seguir-lhe os passos. Foi durante a pandemia, como escape, que percebeu que a verdadeira vocação talvez fosse outra: fazer retratos. O talento já chamou a atenção de marcas internacionais.

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Retratos do pintor Abel Manta ou dos escritores Vergílio Ferreira e Eça de Queiroz, ou ainda dos internacionais Paul McCartney e Scarlett Johansson saíram das mãos de Joana Lopes Silva Pereira, 27 anos.

Joana nunca estudou artes, além das “das aulas de educação visual da escola”, mas foi durante os confinamentos causados pela pandemia que despertou para a verdadeira vocação.

“Há dez anos que faço retratos, mas há coisa de um ano na pandemia, comecei a fazer mais desenhos, para aliviar do stress do doutoramento, fui publicando, as pessoas foram gostando” relembra, garantindo que nunca foi incentivada a seguir artes, ainda que a avó seja prima do pintor Abel Manta, natural da terra onde reside: Gouveia.

“Sou apenas uma pessoa que gosta de desenhar, a minha avó era prima do Abel Manta, mas dentro da minha família, nunca fui incentivada. Desde sempre ouvi que o trabalho de artistas era difícil, e por isso segui a área das engenharias”, confessa Jade (nome artístico).

A mãe de Jade, Maria Helena, 56 anos, sente que a filha deveria ter tirado Belas Artes. “Fico um bocadinho triste por não ter seguido essa área. Sempre ouvi dizer que as artes são uma área complexa, mas quando fiz 49 anos, ela fez o meu retrato e o retrato da avó e fiquei muito emocionada”, conta.

Apaixonada também pela fotografia, é através dela e de um papel em branco, que começa a fazer retratos.

“Tenho um pequeno cavalete onde ponho o caderno e onde desenho a grafite, há desenhos que me demoraram 35 horas. Lembro-me da primeira pessoa famosa que desenhei que foi a Tina Turner. Gosto de captar os detalhes das pessoas, começo sempre pelos olhos para conseguir identificar quem é”, explica, sublinhando que fez experiências a óleo, “que exigem mais treino”.

A jovem cresceu a ouvir o velho cliché de que as artes não põem pão na mesa e foi deixando de parte o talento que sabia ter nas mãos. Nunca estudou artes e está a concluir o doutoramento em engenharia eletrotécnica na Universidade de Aveiro. É nos tempos livres que a partir de uma folha em branco, faz retratos de personalidades que admira. O próximo retrato é o de “Ary dos Santos poeta e declamador português, cujo aniversário é no dia 7 de dezembro”, adianta Jade.

Com descendência no “maior retratista do seu tempo”, a avó de Jade, era prima do pintor Abel Manta. Não sabe o que o futuro lhe reserva e apesar de não ter mais de 500 seguidores no Instagram, há marcas internacionais a partilharem os retratos de Jade como a Faber-Castell da Bolívia e do México e a Caran d'Ache.

Uma exposição de 20 retratos de Jade está patente na Biblioteca Municipal de Gouveia e Joana quer continuar a trabalhar na área, aceitando encomendas através da página de instagram: ja13de.art

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