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A porca ‘Vida Rosinha’ dava um filme

11 out, 2021 - 07:31 • Liliana Carona

Entre Arroios, em Lisboa, e Seia, na Serra da Estrela há uma porquinha que passeia na rua, de trela, sempre acompanhada pelo dono que escolheu ter como animal de estimação uma porca anã. O proprietário quer desmistificar a ideia em torno do porco, defendendo que é um animal “asseado e mais esperto que o cão” e alertar para as consequências da produção intensiva de gado.

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porca
Reportagem de Liliana Carona/RR

Vida Rosinha, primeiro e último nome de uma porca anã que rouba as atenções aos cães que com ela se cruzam no parque. Todos os dias vai passear. “É muito estranho ver um porco na rua, mas as pessoas ficam encantadas, toda a gente quer mexer”, observa Agostinho Júnior, 46 anos, proprietário de uma porca anã com nove meses, que o acompanha para todo o lado.

Durante a semana, em Lisboa, “habituada a parar nos semáforos, é a princesa de Arroios, toda a gente a conhece, porque tem de caminhar, para gastar os cascos”, explica Agostinho, ao som dos guinchos da Vida Rosinha (os porcos emitem mais de 40 sons).

Esta porquinha está registada e pode circular na via pública, conta Agostinho Júnior que a orienta pela trela, ao fim de semana, na terra onde cresceu, S. Romão, Seia.

Uma porquinha foi a escolha para animal de companhia. Porquê? “Sempre me encantou, sabia que eram superinteligentes e asseados. Quem quiser um, aconselho a não comprar, sem se informarem. Há porcos à venda como anões, que não são anões e depois ficam com 300 quilos”, alerta.

Mas, e cuidados a ter com um porco em casa? “É igual a ter um gato ou um cão, temos de dar amor, carinho, atenção, precisa de muita atenção, anda atrás de mim como um patinho. É muito sossegadinha, está sempre à procura de alguma coisa para mastigar, a vida dela é comer, brincar e dormir”, diz Agostinho a sorrir.

Dorme aos pés da cama do dono, a porquinha, de nove meses, que de porquinha nada tem. “Eu queria desmistificar uma coisa: a palavra porco sempre esteve associada a uma pessoa que não se lava, suja. Os porcos são animais limpíssimos, muito asseados, o ser humano mete-o numa pocilga e tem de comer e fazer as suas necessidades ali. Porco é uma palavra ingrata. A Vida Rosinha faz o xixi no resguardo ou na rua. Não faz porcaria. Gosta de tomar banho, toma banho uma vez por semana”, ressalva.

De manhã, Vida Rosinha come uma ração própria para mini porcos, à noite uma “malguinha” com abóbora, cenouras e outros vegetais. “Não é cara a sua manutenção. E dorme na caminha dela ou aos pés da minha cama”, conta Agostinho Júnior, sublinhando que “é um animal, mas afeiçoei-me a ela desde o primeiro dia”.

Desparasitação uma vez por ano, vacinas em dia, Vida Rosinha, já aprendeu a distinguir as cores, com a ajuda de pipocas e “corn flakes”, “petiscos de reforço positivo. Um porco é mais esperto do que um cão. Acima deles está o papagaio e o golfinho e são muito dóceis”, diz o dono da porquinha.

Agostinho Júnior que é bancário em Lisboa, quer também alertar para as consequências da produção intensiva, recordando que o amor não escolhe animais.

“Vida Rosinha é uma homenagem a todos os animais que são mortos para consumo humano. A criação intensiva, o que faz ao nosso planeta não é sustentável e esta há de viver todos os anos a que tem direito”, considera Agostinho, passando a mão no dorso cor-de-rosa da porquinha que justificou o apelido de Rosinha. “Eu amo a vida, toda a gente gosta dela, toda a gente fica encantada”, assume Agostinho Júnior, com a porquinha ao colo.

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