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​Festival Todos instala-se no “microcosmo” da freguesia lisboeta de Santa Clara

17 set, 2021 - 06:33 • Maria João Costa

“Acertar o Mundo em Santa Clara” é o lema do Festival Todos, que decorre sábado e domingo naquela freguesia de Lisboa. Exposições, espetáculos de teatro e música, oficinas, eventos de gastronomia, tudo cabe no Todos.

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A cada três anos o Festival Todos muda de casa. Desta vez estaciona na freguesia de Santa Clara, em Lisboa, criada em 2013 e que juntou a Charneca e a Ameixoeira.

Numa zona paredes meias com o Aeroporto Humberto Delgado, decorre este fim de semana o Festival Todos, que propõe no cartaz de música, teatro, dança, exposições, oficinas, visitas guiadas e eventos gastronómicos.

Em entrevista ao programa Ensaio Geral da Renascença, o diretor Miguel Abreu começa por explicar que este novo território que o Todos irá explorar nas próximas três edições é muito “desconhecido” da maioria dos lisboetas.

Pensam que é na periferia da cidade, mas na realidade não é”, aponta Abreu, que lembra que basta uma simples viagem de metropolitano de “15 minutos pela linha amarela”, a partir do Marquês de Pombal, para chegar a Santa Clara, a freguesia que diz ser um "microcosmo".

Como já fez em anteriores edições, o Todos gosta de levar a cultura a espaços menos óbvios e onde a oferta cultural é escassa. É o caso desta freguesia que continua a sofrer da “barreira psicológica de ficar atrás do aeroporto e de ser um antigo bairro de barracas”, lembra Miguel Abreu.

Ali nasceu a chamada Alta de Lisboa, uma parte da cidade habitada “por muitas e variadas classes sociais”, diz o programador cultural, que considera este “o território mais eclético de todos os que o Todos tem trabalhado”.


Para atrair o público a desbravar este novo território, o Festival Todos programou um fim de semana com oferta diversificada. Num diálogo estreito entre o ambiente rural e urbano, em Santa Clara o público do Todos poderá por exemplo visitar, sábado e domingo de manhã o Palácio da Quinta Alegre e os seus jardins.

Este é um exemplar das quintas que nos séculos XVIII e XIX existiam nos arredores de Lisboa. Classificado como Imóvel de Interesse Público, este palacete vai no sábado receber um dos espetáculos musicais do Todos, o concerto de Diego El Gavi, às 18h30. Trata-se de “um cantor cigano”, explica Miguel Abreu e, por isso, é um “momento simbólico” para o festival, já que “coabitam neste território variadíssimas comunidades ciganas”. O diretor indica que querem “com este espetáculo incluir a comunidade cigana na programação do Todos de uma forma muito aberta”.

Ainda na música, no sábado destaque para o concerto do Coro Infanto-Juvenil da Universidade de Lisboa que sobe ao palco às 17h00, no Largo das Galinheiras, e para a cantora Eneida Marta, nomeada pela UNICEF como embaixadora para a Guiné-Bissau, que cantará às 21h00 na Pista de Atletismo Municipal Professor Moniz Pereira, na Charneca.

Mas ainda no sábado há mais para ver no Todos e algumas das iniciativas repetem no domingo. É o caso do espetáculo Soup’Alapatate (Sopa de Batata), da Companhia belga Laika e do Agora Theater, que será interpretado em português, no sábado e domingo às 12h30 e às 17h30 na Escola Maria da Luz Deus Ramos, nas Galinheiras, cuja demolição está prevista para 2023.


Segundo Miguel Abreu, este é um espetáculo que o público não deve perder. Sopa da Batata fala “sobre a fome, a guerra e a importância da batata e da sopa para a felicidade e o encontro de pessoas de várias circunstâncias de vida”.

A colaborar com o Todos estão muitas crianças da escola onde será representada a peça e que encontraram refúgio em Portugal. Este é um espetáculo que termina ao ser servida uma sopa ao público, uma espécie de entrada para o almoço comunitário gratuito que será servido com “comida da Eritreia e de São Tomé”, explica Abreu.

Também programado para sábado e domingo está a reposição do espetáculo que estreou no Teatro Nacional D. Maria II, “Auróra Negra”, que é levado à cena na garagem da Academia de Música de Santa Cecília, na Azinhaga de Santa Susana, na Ameixoeira, às 21h00.

De acesso livre no domingo é a iniciativa de arte pública “A ver levantar os pássaros”, que decorre junto à pista do aeroporto de Lisboa, na Estrada de Manique, a partir das 14h00.

Também no domingo, a partir das 16h, a Igreja Paroquial da Ameixoeira acolhe um concerto de órgão, com Flávia Almeida Castro e António Esteireiro. O espetáculo com entrada gratuita prevê no programa obras de Bach, Mozart ou Scarlatti.

Durante o fim de semana há também espaço para uma oficia em família dedicada ao cinema a partir das 15h00 na Quinta Alegre.

Programados estão também diferentes workshops sobre as origens do chá. Diferentes formadores vão no domingo entre as 15h30 e as 17h00, dar a conhecer, por exemplo a Gorreana onde se produz chá nos Açores, ou explicar a viagem de Portugal ao Japão, pelos chás.

São muitas e diversas as ofertas que o Todos preparou para a sua primeira edição em Santa Clara. Toda a programação está detalhada no site oficial do festival.

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