18 mai, 2021 - 12:00 • Maria João Costa
"Um dos maiores músicos portugueses das últimas décadas". É desta forma que o musicólogo Rui Vieira Nery recorda na sua página no Facebook, Paulo Gaio Lima, o violoncelista que morreu esta segunda-feira aos 60 anos.
"Faltam-me as palavras para expressar toda a admiração e todo o carinho que o Paulo desde sempre inspirava no mundo da Música portuguesa, como solista e professor extraordinário, mas também como um homem profundamente bom. Não merecíamos esta sua partida", escreve Nery sobre a partida prematura de Gaio Lima que morreu vítima de doença oncológica.
Nascido no Porto, Paulo Gaio Lima estudou com Madalena Sá e Costa no Conservatório de Música do Porto. Além de ter sido bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do Ministério da Cultura, o violoncelista formou-se também em Paris no Conservatório Superior da capital francesa onde foi aluno de Maurice Gendron.
Professor na Escola Superior de Música de Lisboa e na Academia Nacional Superior de Orquestra, Paulo Gaio Lima foi em 1987, violoncelo-solo convidado da Orquestra Sinfónica do Reno, na Alemanha. Entre 1992 e 2000, foi violoncelo-solo da Orquestra Metropolitana de Lisboa.
O músico que a Casa da Música recorda como um “violoncelista de excepção” e uma “referência importante no panorama nacional do violoncelo, tanto a nível artístico como pedagógico”, integrou o Quarteto Verdi de Paris.
Com Aníbal Lima e António Rosado, Paulo Gaio Lima formou o Artis Trio que atuou em diversos palcos da Dinamarca, a França, passando por Portugal e Itália. Presença habitual em palcos como o da Casa da Música, Paulo Gaio Lima foi júri do Prémio Internacional Suggia/Casa da Música.
Como interprete, o violoncelista apresentou-se regularmente em diversos festivais de música em Portugal, mas também no estrangeiro. No seu curriculum constam atuações em Bruxelas, no âmbito da exposição Europália, em Torino, Trento, Nantes, entre outros lugares. Gaio Lima atuou ainda com as orquestras de Moscovo, Szeged, Xangai, Porto Alegre, Hannover, Monterrey, Basel, Varsóvia, Neuss, Istambul.
Recordado pela Metropolitana, Paulo Gaio Lima é descrito como “um músico 'gigante', que fez parte [da orquestra] desde a sua fundação", em 1992. Ao longo da sua carreira, o violoncelista gravou em disco Concertos de Luigi Boccherini, trios de Beethoven; com o violinista Geraldo Ribeiro e o pianista Pedro Burmester, gravou obras de Brahms e Schumann, assim como obras do repertório camerístico português.
Foi intérprete de António Pinho Vargas, Cláudio Carneyro e Joly Braga Santos, que gravou para editoras como a antiga EMI e a RCA.