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Reportagem

Campanha “O Museu é meu” arranca em Évora e quer reaproximar as pessoas destes espaços

18 mai, 2021 - 11:49 • Rosário Silva

Neste Dia Internacional dos Museus, a campanha passa também por Viseu para uma ação de rua e vai desdobrar-se, nos próximos tempos, em muitas outras iniciativas de norte a sul, passando também pelas ilhas.

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A carrinha de caixa aberta já está à porta do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, em Évora, preparada para levar um grupo de pessoas, voluntários neste dia, para a distribuição e colagem de cartazes por vários locais da cidade Património Mundial.

É a primeira iniciativa no âmbito da campanha “O Museu é Meu”, uma iniciativa da Direção Geral do Património Cultural. Nos próximos três anos pretende-se reaproximar e abrir os museus a novos públicos.

“Os museus muitas vezes são conotados com algo aborrecido, fechado, elitista e nós estamos a contrariar isso, ou seja, que o museu seja meu, que o museu seja teu, que o museu seja nosso. É uma casa comum para todos nós, que pode ser muito amada e visitada, e é importante que venham ver como esta emoção estética passa através das peças, pois o museu guarda a memória que queremos passar para o futuro”, diz à Renascença, Sandra Leandro, a diretora do museu eborense.

Entre várias solicitações para a preparação desta ação de rua, a responsável, que assumiu a direção do museu no inicio de 2021, faz questão de sublinhar à nossa reportagem “a falta que faz, neste momento, que as pessoas tenham a noção como deve ser um museu, que precisa ser visitado, uma vez que as peças são ativadas com o olhar do visitante”.

Para Sandra Leandro, “não faz sentido o museu estar fechado, mas sim aberto”, daí que esta campanha “sirva, exatamente, para abrir o museu, para o mostrar na rua, para que as pessoas possam ficar com vontade de ver estas maravilhas, estes tesouros que temos aqui”.

Doutorada em História da Arte Contemporânea e professora na Universidade de Évora, a também investigadora, olha para os museus como “espaços de cidadania” e, no que concerne ao Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, “um museu inclusivo e humano”, para que “toda a gente se sinta bem aqui”.

É com essa finalidade que a campanha “O Museu é meu” arranca. Munidos de cartazes, pinceis e cola, o grupo de voluntários, uns a pé, outros na carrinha, seguem para cumprir a missão de levar o museu às pessoas.

“Vou pela Rua 5 de outubro até à Praça do Giraldo entregar alguns cartazes aos lojistas e às pessoas a quem possa interessar vir ao museu”, refere-nos, Maria do Céu Grilo. É funcionária do museu alentejano, mas é como “muito gosto” que cumpre esta tarefa, à qual associa uma mensagem: “é importante que as pessoas venham, uma vez que o património, se não for visitado, se não for para ser vivido não faz sentido existir e, além do mais o museu não é só um sitio para se guardarem coisas velhas. É muito mais do isso”.

Museus são “local de encontros, liberdade e conhecimento”

Évora foi a cidade escolhida para dar o pontapé de saída nesta nova fase de comunicação e de liberdade pós-pandémica que quer envolver todos os museus portugueses.

“O objetivo da campanha “O Museu é meu” é reaproximar o museu das pessoas, reaproximar o museu dos vizinhos, trazer as pessoas ao museu e humanizar estas instituições que são fantásticas e que contam a nossa historia, o nosso passado, o nosso presente e vão contar o nosso futuro, e este futuro vai envolver as pessoas, especialmente numa altura em que ainda estamos em contexto pandémico, é urgente reinventar a forma como contamos a história e aproveitar para abrir mais os museus”, afirma Catarina Gomes, da Manicómio The Agência, o estúdio que está a produzir a campanha.

Dar o pontapé de saída no interior do país, foi “intencional”, menciona a responsável, tendo em conta “a existência de muita oferta cultural que, embora local, tem caracter nacional e internacional”.

A campanha é para desenvolver-se por três anos e vai “envolver ações locais com museus, vai envolver os vizinhos dos museus, campanhas presenciais e digitais e uma série de atividades organizadas a nível nacional e também local para aproximar as pessoas e aliciá-las a contarem as suas próprias histórias”.

Ninguém fica de fora, segundo Catarina Gomes, uma vez que existe “uma preocupação com os mais novos, com os mais velhos, uma preocupação com as pessoas que não estão representadas nos museus, no fundo, uma preocupação de inclusão”.

A produtora assume que está na altura de “quebrar um ciclo”, pois deseja-se “um museu que seja de todos, que seja um local de encontros, uma nova liberdade, um novo conhecimento e aberto ao conhecimento da população.”

Depois de Évora, neste Dia Internacional dos Museus, a campanha passa por Viseu para uma ação de rua idêntica e vai desdobrar-se, nos próximos tempos, em muitas outras iniciativas de norte a sul do continente, passando pelas ilhas. Tudo para reaproximar as pessoas dos “meus, teus e nossos museus”.

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