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Já imaginou ingerir produtos sem remover a embalagem?

29 abr, 2021 - 09:00 • Olímpia Mairos

A partir de resíduos da indústria agroalimentar e da pesca, uma equipa da Universidade de Coimbra desenvolve embalagens comestíveis. Imagine cozinhar brócolos sem ter de retirar a embalagem, uma vez que a película que os envolve é composta por nutrientes naturais com benefícios para a saúde.

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As investigadoras Marisa Gaspar, Mara Braga e Patrícia Almeida Coimbra, do Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), criaram embalagens comestíveis a partir de resíduos da indústria agroalimentar.

A ideia surgiu no seguimento de um outro projeto relacionado com a Biorefinaria e financiado pelo COMPETE 2020.

Na prática, as embalagens produzidas são “películas/revestimentos obtidos a partir de resíduos de diferentes alimentos, nomeadamente cascas de batata e de marmelo, fruta fora das características padronizadas e cascas de crustáceos que, além de revestirem os alimentos, prolongando a sua vida útil na prateleira do supermercado, também podem ser ingeridos”, detalha a investigadora Marisa Gaspar.

E são obtidas através de “algum processamento dos resíduos alimentares, de forma a obter farinhas (ex: farinha de casca de batata), que depois são misturadas em várias proporções de forma a obter as melhores características de filme/película, em termos de flexibilidade, transparência, entre outras”, acrescenta.

Que vantagens traz esta solução?

De acordo com a investigadora, as películas trazem “vantagens para a conservação do alimento”, como, por exemplo, para a fruta ou os legumes.

Podemos imaginar cozinhar brócolos ou espargos sem ser necessário retirar a embalagem, uma vez que a película que os envolve é composta por nutrientes naturais com benefícios para a saúde.

“As embalagens ao terem antioxidantes e probióticos na sua composição, previnem o aparecimento de determinadas patologias”, observa Marisa Gaspar.

Estas embalagens apresentam-se também como uma alternativa sustentável centrada na economia circular. A solução desenvolvida, segundo as investigadoras, não só aumenta a vida útil do produto na prateleira, como também evita o desperdício, reduz a produção de lixo plástico, um grave problema ambiental.

Para já, são produzidas apenas ao nível laboratorial. A chegada do produto ao mercado irá depender de uma empresa que queira produzir estas embalagens à escala industrial.

A investigação, centrada no desenvolvimento de embalagens comestíveis, já foi distinguida com um prémio de 20 mil euros pelo programa “Projetos Semente de Investigação Interdisciplinar – Santander UC”, atribuído a equipas multidisciplinares lideradas por jovens investigadores na Universidade de Coimbra.

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