Tempo
|
A+ / A-

Morreu o pintor Nikias Skapinakis. Marcelo reage à perda de um “oposicionista livre”

27 ago, 2020 - 08:22 • Lusa

Autor da "história em imagens do Portugal contemporâneo" e “autor emblemático da nossa pintura e artes visuais". É assim que o Presidente da República descreve o pintor. Skapinakis tinha 89 anos.

A+ / A-

O pintor Nikias Skapinakis, que marcou mais de seis décadas da arte portuguesa contemporânea e fez o "Retrato dos Críticos", morreu na quarta-feira em Lisboa, aos 89 anos, anunciou a Galeria Fernando Santos, que representa o artista.

De ascendência grega, Skapinakis nasceu em Lisboa, em 1931, frequentou o curso de Arquitetura, que abandonaria para se dedicar totalmente à pintura, que assumiu como "vocação, ofício e reflexão", como escreveu a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva.

Além da pintura a óleo, como atividade dominante, dedicou-se à litografia, serigrafia e ilustração de livros.

Entre outras obras, ilustrou "Quando os Lobos Uivam", de Aquilino Ribeiro (Livraria Bertrand, 1958), e "Andamento Holandês", de Vitorino Nemésio (Imprensa Nacional, 1983).

É autor de um dos painéis concebidos para o café "A Brasileira do Chiado" (1971), em Lisboa.

Para a estação de Arroios, do metro de Lisboa, que se mantém em obras de ampliação, concebeu em 2005 o painel "Cortina Mirabolante", que se junta aos originais de Maria Keil.

Em 2012, o Museu Coleção Berardo apresentou a exposição antológica "Presente e Passado, 2012-1950", dedicada ao artista, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

No ano seguinte, foi-lhe atribuído pela Sociedade Portuguesa de Autores o Prémio de Artes Visuais.

Em 2014, apresentou na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, a série de guaches Lago de Cobre e a série de desenhos Estudos de Intenção Transcendente. Ilustrou ainda a revista Colóquio Letras dedicada a Almada Negreiros.

Em 2017, apresentou no Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva, igualmente em Lisboa, a série desenvolvida a partir de 2014, "Paisagens Ocultas - Apologia da Pintura Pura".

Anteriormente, em 1985, o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, também em Lisboa, mostrou uma exposição antológica da sua pintura, completada com uma retrospetiva da obra gráfica e guaches na Sociedade Nacional de Belas Artes.

No passado mês de julho, a Galeria Fernando Santos, no Porto, inaugurou uma exposição de obras inéditas de Nikias Skapinakis, sobre o tema da paisagem, com o lançamento do livro "Nikias Skapinakis - paisagens [landscapes]", de Bernardo Pinto de Almeida, numa edição conjunta com a Documenta.

A "história em imagens" de um oposicionista do regime

O Presidente da República já reagiu à morte do pintor. Na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa considerou Nikias Skapinakis um "oposicionista do regime", que contou uma "história em imagens do Portugal contemporâneo".

"Podemos fazer, através de muitos dos seus trabalhos, uma história em imagens do Portugal contemporâneo", sublinha o chefe de Estado, acrescentando que "foi um amigo próximo", com quem teve o "gosto e a honra de partilhar ideias ao longo de muitos anos".

Marcelo refere-se ainda ao pinto como "um autor emblemático da nossa pintura e artes visuais", “amigo de escritores, oposicionista ao regime, homem culto e elegante, cosmopolita e livre".

"Das capas de livros de Aquilino e Nemésio aos painéis da Brasileira do Chiado, do encontro entre três mulheres voluntariosas (Natália Correia, Fernanda Botelho e Maria João Pires) à arte pública no metropolitano de Lisboa e a uma homenagem à bandeira nacional, Nikias retratou com maestria o seu e o nosso tempo. Mas também pintou o seu imaginário: naturezas mortas, séries mitológicas, quartos inventados, jogos com a publicidade, exultações cromáticas ou eróticas e algumas melancolias", adianta a nota no site da Presidência.

Além da pintura a óleo, como atividade dominante, Nikias Skapinakis dedicou-se à litografia, serigrafia e ilustração de livros.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+