04 jul, 2020 - 15:09 • Rosário Silva
É dos mais marcantes monumentos do megalitismo europeu e também o maior conjunto de menires estruturados da Península Ibérica. O Cromeleque dos Almendres, no concelho de Évora, é agora Zona de Proteção Especial (ZEP), de acordo com uma portaria do Governo, assinada pela secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Carvalho Ferreira, e já publicada em Diário da República.
Segundo a portaria, para proteger a “envolvente do imóvel classificado” como Monumento Nacional e “assegurar o seu enquadramento paisagístico”, mas promovendo a sua fruição, foi necessário estabelecer algumas limitações. Foram sugeridas pela Direção-Geral do Património Cultural, juntamente com a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a colaboração da Câmara de Évora e o parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura.
A criação de uma área de sensibilidade arqueológica, a necessidade adotar medidas preventivas para a salvaguarda e acompanhamento arqueológico, no caso de alterações do uso do solo e do coberto vegetal, são algumas dessas restrições definidas pelo Governo.
O diploma define o monumento como sendo “o mais notável exemplo das primeiras arquiteturas megalíticas, remontando provavelmente ao neolítico médio”, destacando-se “a sua dimensão, ainda com 95 monólitos, a presença de gravuras em alguns deles e o seu bom estado de conservação.”
Situado na Herdade dos Almendres, na União das Freguesias de Nossa Senhora da Tourega e Nossa Senhora de Guadalupe, o sítio classificado corresponde “às mais antigas construções coletivas sagradas deste período” e apresenta “possível significado astronómico”, sublinha a portaria governamental.
O Cromeleque dos Almendres foi, precisamente, um dos cenários escolhidos, pela Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo a par da Anta-Capela em São Brissos, em Montemor-o-Novo, para apresentar a “Rota do Megalitismo”.
Integrada no projeto “Rotas do Touring Cultural do Alentejo e Ribatejo”, os percursos pretendem transportar os turistas e visitantes até aos diversos locais onde se encontram menires, cromeleques ou dólmenes nestas duas regiões, que, a par com a Bretanha (França), são detentoras da “maior densidade e variedade de vestígios e monumentos megalíticos”.
Com sugestões de visita de sete e três dias a “Rota do Megalitismo”, à semelhança das dedicadas à Cultura Avieira, às Fortificações e ao Barroco, que também fazem parte deste “touring cultural”, a nova rota apresenta propostas que atravessam todo o território de fruição associadas à temática.
Há, ainda, sugestões de visita a outros espaços culturais assim como a locais onde se vai poder degustar as gastronomias regionais e pernoitar.
O projeto, que abrange os 58 municípios que integram a ERT, pretende “enriquecer a experiência e o conhecimento dos visitantes sobre o território”, além de querer “potenciar o número de dias de estadia no Ribatejo e no Alentejo”, explica a entidade, numa nota enviada à Renascença.
As informações sobre as quatro rotas temáticas, estão disponíveis em brochuras em português, espanhol, francês e inglês, mas também online nos websites do Turismo do Alentejo e do Ribatejo, onde vai poder visualizar os cinco filmes promocionais das rotas.
Há "uma Évora escondida". Trata-se do sítio arqueo(...)
O mês de julho marca, também, o inicio, por parte da Turismo do Alentejo/Ribatejo, de um conjunto de ações de acompanhamento e sensibilização pedagógicas juntos dos empresários do setor. Acontecem no âmbito do projeto de certificação “Destino Seguro & Sustentável”, resultante da crise pandémica atual.
Por estes dias, o presidente da ERT, o técnico responsável pelo projeto e pela equipa de especialistas em saúde publica da Biosphere, parceiro no desenvolvimento da iniciativa, visitam algumas das unidades hoteleiras e empresas de animação turísticas do Alentejo e Ribatejo, a quem já foi entregue o “Certificado de Compromisso para um Destino Seguro & Sustentável”.
De acordo com uma nota da Entidade Regional de Turismo, o objetivo passa por fazer o acompanhamento das “boas práticas que foram implementadas pelos empresários já certificados, as quais assentam nos princípios de sustentabilidade sanitária da empresa e na salvaguarda da saúde e bem-estar dos colaboradores, clientes, fornecedores ou comunidades locais.”
O projeto de certificação “Destino Seguro & Sustentável”, é dirigido de forma “gratuita e voluntária a todos os players do setor”, nomeadamente, “agentes da restauração, alojamento, animação turística, postos de turismo e património imaterial”.
Com cerca de meia centena de aderentes, este projeto, que se quer “dinâmico e aberto a todos os empresários”, dá continuidade ao processo de certificação Biosphere do destino que a Turismo do Alentejo /Ribatejo está a implementar no território, tendo por base, “os pilares da sustentabilidade ambiental, económica, sociocultural e sanitária.”
Para António Ceia da Silva, presidente da ERT, este “último pilar apresenta particular importância numa fase em que, face à crise pandémica, os turistas e visitantes no momento da escolha dos destinos vão dar primazia à fruição de locais que garantam a segurança sanitária.”