10 out, 2019 - 19:20 • Maria João Costa , João Pedro Barros
Numa reação ao Prémio Nobel da Literatura atribuído esta quinta-feira a Peter Handke, o produtor de cinema Paulo Branco recorda um amigo. Diz que o prémio “só peca por tardio” e sublinha que já produziu vários filmes que têm o escritor como autor.
“O Nobel, por uma vez, deu um prémio a um grande, grande autor. O Nobel entrou nos eixos, como se costuma dizer”, declarou à Renascença. “É talvez para mim o maior escritor em língua alemã dos tempos atuais.”
Os prémios anunciados são relativos a este e ao an(...)
Paulo Branco produziu mesmo “A ausência”, filme de 1992 com realização e guião de Handke. “Há uma relação de amizade há muitos anos, conheci-o em 1982 no dia em ‘O Estado das Coisas’ ganhou o Leão de ouro em Veneza. Estava com o Wim Wenders e fomos os três almoçar discretamente num restaurante. A partir daí começou uma amizade que perdura até agora”, recorda.
O produtor realça ainda a ligação entre Handke e o premiado realizador Wim Wenders, que se concretizou, por exemplo, em “A Angústia do Guarda-Redes no Momento do Penálti”, “As Asas do Desejo” ou “Os Belos Dias de Aranjuez”. Este último filme foi realizado a partir da peça homónima que Handke ofereceu a Wenders, a primeiro das suas obras escrita em língua francesa.
Handke já participou em quatro edições do Lisbon & Sintra Film Festival, de que Paulo Branco é diretor. Também o português Tiago Guedes encenou para o festival a peça “Os Belos Dias de Aranjuez”, representada pelos atores Isabel Abreu e João Pedro Vaz.
A Leopardo Filmes, produtora de Paulo Branco, acrescenta em comunicado que distribuiu recentemente em sala, em cópias digitais restauradas, “A Angústia do Guarda-Redes no Momento do Penálti” (1972), “Movimento em Falso” (1975, adaptação da obra de Goethe “Os Anos de Aprendizagem de Wilhelm Meister”) e “As Asas do Desejo” (de Wim Wenders, 1987).
A Leopardo Filmes prepara um programa com os seus filmes, que será apresentado no Espaço Nimas em novembro.