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Reportagem

Mãe e filho à aventura na Comic Con. "Ele passa tanto tempo a jogar que tenho de começar a aprender"

13 set, 2019 - 14:05 • Cristina Nascimento

Passeio Marítimo de Algés está por estes dias transformado num enorme parque de diversões para os fãs de videojogos, cinema, BD, cosplay ou manga. É a sexta edição da Comic Con Portugal.

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O calor que se faz sentir no Passeio Marítimo de Algés não convida a que se esteja muito tempo fora das tendas gigantes ali montadas para acolher a sexta edição da Comic Con. Entrando nalgumas delas parece que se muda de dimensão. Há jovens – alguns não tão jovens quanto isso – vestidos de acordo com as suas personagens preferidas, estatuetas e muitos ecrãs. Sobretudo, claro, na Gaming Area.

É aqui que encontramos Teresa, que prefere dizer que tem mais de 40 anos, e o seu filho Gil, 12 anos. Estão animadamente instalados num puff a jogar um jogo de consola. “Em casa não costumamos jogar juntos. Mas ele passa tanto tempo a jogar que eu tenho de começar a aprender”, diz Teresa, já a denunciar alguma preocupação com o tempo que o filho passa em frente aos ecrãs.

Questionada sobre se há regras sobre o tempo de jogo, Teresa esclarece: “é ao fim-de-semana e nas férias até querer”. Gil não tem um número de horas limite para jogar, mas os pais esforçam-se para garantir que ele sai da frente do ecrã.

“Tentamos fazer atividades com ele para ele não passar o dia inteiro a jogar. Se ele ficar em casa, está sempre a jogar, a ver Youtube. Ele não consegue dosear, por ele estaria as 24 horas do dia”, descreve Teresa. Gil toma a palavra para justificar porque não pára de jogar. “Gosto tanto que não dou pelas horas”, afirma o rapaz que não esconde que, entre ficar em casa a jogar ou ir ter com os amigos, prefere jogar.

“É uma coisa … Uma pessoa vai com ele, passeia, faz-lhe viagens ao estrangeiro e ele, se escolher, é jogo. Nem andar a cavalo, nem andar de barco, nada disso o motiva”, desabafa a mãe.

Ainda assim, diz Teresa passando em revista os amigos do filho, “há piores”. “Por exemplo, o Augusto, nem à piscina e a praia vai, passa as férias em casa”, diz.

A ideia de ir à Comic Con não é inocente, revela Teresa. “É um programa que já no ano passado ele queria ter feito e que eu sabia que ele ia gostar, mas aproveito para lhe apresentar todo o mundo da banda desenhada, ver outros mundos, estamos também a ver séries – 'Capitão América', 'Guerra dos Tronos'… Entrar um pouco no mundo da fantasia e desviá-lo dos jogos”, remata.

Saimos da “Gaming Area” e damos uma volta pelo recinto. Há vários espaços para ver filmes, há palestras a decorrer e há também o “Geek Market”. Trata-se da maior zona comercial da Comic Con, onde se vê de tudo: bonecos de coleção, t-shirts, camisolas, pins, pantufas, peluches. Tudo serve para alimentar o gosto por determinada série ou personagem. Dentro do “Geek Market” há também a zona dos artistas, onde, por estes dias, uma dúzia de desenhadores vai estar disponível para dar autógrafos, conversar com leitores e admiradores, enquanto vão rabiscando descontraidamente mais alguns desenhos.

Banda desenhada e trajes a rigor

A BD é precisamente o que traz Bruno Simões ao recinto. “Venho essencialmente para conhecer os desenhadores de banda desenhada. Este ano quero ver sobretudo Ivan Reis e Joe Prado”, diz Bruno, que veio da Lourinhã de propósito para, pela terceira vez, visitar a Comic Con.

Não muito longe do sítio onde está Bruno salta à vista a presença de duas jovens vestidas a rigor. Daniela, 26 anos, vem do Porto e está vestida de Zatanna, uma super-heroína da DC Comics.

Para Daniela, ir à Comic Con assim trajada já é uma tradição. “Venho sempre, primeiro quando se realizava na Exponor. Venho com os amigos, para nos divertirmos, vestirmos coisas diferentes, vermos outras pessoas e vermos as coisas de que gostamos, neste caso, séries, jogos”. Ao lado está a amiga Sara, 32 anos, também vinda do Porto. Sara está vestida de Princesa Mononoke, personagem principal do filme japonês com o mesmo nome.

Daniela destaca ainda a oportunidade de assistir a conferências. “Gosto de ouvir as pessoas. É sempre interessante ouvi-las”.

Já Sara confessa-se como cinéfila, a principal razão que a traz à Comic Con. “Gosto de filmes e de séries. Aqui vêm os convidados, os atores. Gostava de ouvir também pessoas mais da área de produção e realização, acho que seria interessante”, diz, acrescentando que, na Comic Con, há “a oportunidade de se ouvir estas pessoas, que não se tem facilmente noutros eventos”.

Estreante nas andanças do Comic Con, encontramos Miguel Carreiro, 14 anos (quase 15, sublinha). “Vim com dois amigos e viemos logo no primeiro dia, que assim está menos gente, e porque estou interessado nalgumas coisas que vão acontecer hoje”, explica.

Questionado sobre o que gostou mais de ver na Comic Con, Miguel não hesita: “Jogos. Já estive na Gaming Area, algum tempo. Uma hora, nada de mais”, diz.

Em casa, jogos são o passatempo preferido de Miguel e joga bastante, sobretudo em tempo de férias. “Acordo, jogo um pouco, almoço e depois jogo até à hora de jantar”, descreve o jovem.

Os pais não se opõe. “Ninguém me diz nada. Desde que eu me porte bem, que tenha boas notas na escola, acho que ninguém se importa que eu jogue”, remata.

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