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Siri, Alexa, Cortana... Elas querem estar as 24 horas do dia consigo

07 jun, 2017 - 14:30 • Rui Barros Teresa Abecasis (vídeo) e Ricardo Fortunato (foto-montagem)

O HomePod, o novo produto da Apple, é mais um dos assistentes pessoais que salta do telemóvel para todas as divisões da casa. Prevê-se que em 2021 haja mais assistentes destes do que habitantes da Terra.

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Siri, Alexa, Cortana... Já conhece as assistentes pessoais do futuro?
Siri, Alexa, Cortana... Já conhece as assistentes pessoais do futuro?

Primeiro, foi o iPod – e Steve Jobs revolucionou o mundo da música. Agora, a Apple de Tim Cook apresenta o HomePod. É com esta coluna com assistente pessoal digital que a empresa promete revolucionar a forma como ouvimos música e interagimos com a nossa casa.

Recorrendo a seis microfones que são activados com as palavras “Hey Siri”, o novo produto da Apple recorre à inteligência artificial para reconhecer a divisão onde está situada e adapta o som à dimensão da sua sala. Com integração com o serviço Apple Music – que permite ouvir música através de uma subscrição mensal – a novidade agora é mesmo fazer saltar a Siri do seu bolso para o centro da sala de estar.

O novo produto da Apple segue os passos do Amazon Echo e do Google Home e promete ajudar-nos nas nossas vidas domésticas, organizando tarefas, tomando notas por nós, controlando as luzes e a temperatura da nossa casa, respondendo às nossas dúvidas ou comprando produtos pela internet.

Já comuns na maioria dos telemóveis modernos, nos quais também a Samsung e a Microsoft têm soluções, os assistentes virtuais comandados por voz são hoje cada vez mais uma realidade, prometendo agora estar presentes em todas as divisões das nossas casas. E parecem ter chegado para ficar. Um estudo da consultora Ovum prevê que, em 2021, o número de assistentes pessoais no planeta chegue aos 7,5 mil milhões, ultrapassando assim o número de habitantes na Terra.

Cada vez melhores a perceberem as subtilezas da linguagem humana – ainda que com muitas falhas e melhores em inglês do que noutras línguas – a verdade é que, hoje, “parece que falar para uma caixa que brilha é a nova alternativa a carregar em ecrãs tácteis”, defende Rick Hirst, presidente da agência de publicidade e média Carat, num artigo de opinião no jornal britânico “The Guardian”.

“As empresas de tecnologia perceberam que há um enorme valor em armazenar e agregar dados do utilizador e estes já não se interessam se isso acontece através de texto escrito ou voz”, defende Darek Top, director de pesquisa da Opus Research, uma empresa especializada em “comércio conversacional”, em declarações ao “USA Today”.

Os quatro fantásticos

Ainda que os produtos de inteligência artificial que conversam com linguagem natural estejam em franca expansão, com novos produtos e soluções a surgirem em catadupa, o mercado é ainda dominado por quatro assistentes pessoais.

A Siri, a assistente pessoal da Apple, é provavelmente a mais conhecida. Começou por ser um exclusivo do iPhone, mas depressa passou também para os outros produtos da marca da maçã, como o sistema operativo macOS, os relógios digitais ou a "box" de televisão. Consegue agora a sua coluna individualizada, um aparelho que sabe responder a perguntas sobre notícias, tempo ou direcções. No entanto, os utilizadores queixam-se ainda de uma certa incapacidade de prolongar uma conversa, apesar das respostas bem-humoradas.

O assistente pessoal da Google pode não ter um nome tão “pessoal” como os restantes concorrentes (chama-se... Google), mas tira partido daquilo que o Google sabe fazer melhor: encontrar aquilo que procuramos. E rápido. Presente nos dispositivos com sistema operativo Android, a rapidez suplanta o seu nível de humor.

A terceira nesta lista é a já famosa Alexa, da Amazon.

A assistente da loja de retalho "online" não actualiza só a sua lista de compras no site sempre que lhe pede, mas também toca música, lê livros e notícias em voz alta e até pode requisitar um veículo Uber.

A par da Siri, é conhecida pelo bom humor, mas falha onde os outros três competidores não falham: a Amazon nunca conseguiu fazer valer a sua linha de smartphones. Por isso, para ter esta assistente, tem de comprar uma das colunas vendidas no site da empresa.

Por fim, a Cortana. A assistente pessoal da Microsoft nasceu para os produtos da empresa fundada por Bill Gates, mas pode ser hoje encontrada também nos produtos da concorrência. Não é esquisita quanto à forma como falamos com ela: quer seja através de texto quer através da voz. Também é tida como uma assistente bem-humorada e até cita Shakespeare, mas ainda não tem um aparelho “só para si”, ao contrário da Siri, Alexa, e Google Home.

Porquê agora?

Num mercado onde inovar é imperativo, são muitos os produtos que não chegam a conquistar o coração do público da forma como a indústria gostaria. Isto leva alguns dos críticos desta nova tecnologia a questionar se é assim tão eficiente colocar-nos a falar para as máquinas. Derrick Connell, vice-presidente da Microsoft, não coloca a hipótese de os assistentes pessoais controlados por voz falharem. “A linguagem falada é a linguagem de interface mais natural”, defendeu o vice da Microsoft numa conferência.

Ainda assim, a explosão dos assistentes pessoais com inteligência artificial só é possível dada a capacidade cada vez maior de recolher e analisar grandes quantidades de informação. Recorrendo a complexos modelos matemáticos, as máquinas aprendem hoje por si só e assimilam padrões num constante processo de auto-aperfeiçoamento.

De acordo com os últimos dados da Google, o seu assistente erra hoje 8% das vezes, quando, há alguns anos, o assistente da gigante de Silicon Valley não acertava uma em cada quatro vezes que alguém lhe fazia uma pergunta.

Apesar dos avanços, o caminho ainda é longo até os assistentes pessoais entrarem por completo nas nossas vidas. Uma das principais barreiras passa pela língua, já que muita desta tecnologia está direccionada para o mercado da língua inglesa, o mais lucrativo neste momento.

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