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Domingo da Epifania

O trabalho e a ação esgotam-se hoje na produção e no lucro, diz o Patriarca de Lisboa

05 jan, 2025 - 11:40 • Ana Catarina André

Na missa desde domingo da Epifania, em que se assinala também o início do Jubileu da Caridade, o Patriarca de Lisboa lembra aqueles que na atualidade vão ao encontro dos desfavorecidos, entre os quais os sem-abrigo, os migrantes e os reclusos

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O Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, considera que hoje “o trabalho, a ação que realizamos” não deixa “vislumbrar nenhum outro horizonte de eternidade, mas apenas lucro, apenas quantidade, apenas produção”. Na homilia da missa da Epifania, este domingo, dia 5, na Capela da Misericórdia de Oeiras, em que se assinala também o início do Jubileu da Caridade, o bispo constata que atualmente “a verdade dá-nos por vezes, a sensação de que não conta”, prevalecendo antes “a quantidade, o volume, a massa produzida”. E diz que também “a natureza é vista apenas como matéria-prima”, não se lhe reconhecendo “qualquer valor, ou propósito, ou contributo espiritual”, acrescenta.

Neste contexto, o Patriarca lembra que “o que o ser humano tem dentro de si – as questões, as dúvidas, as expectativas, os anseios – encontra plenitude e realização na palavra” e reconhece que os “tempos que estamos a viver são, por vezes, contraditórios em relação a este carisma.” D. Rui Valério recorda as ocasiões em que “não nos deixamos conduzir por esse ardor de amor que vai ao encontro de quem necessita, que é resposta a quem pergunta, que é saciedade, pão, alimento para quem tem fome”.

Lembrando o papel dos Reis Magos que, depois de encontrarem o Menino Jesus encetaram um caminho de paz e de concórdia, o prelado recorda as pessoas que hoje são luz para os mais desfavorecidos. “Em todos estes jeitos, atitudes e palavras vemos a encarnação do amor que, ao longo dos séculos, e também na atualidade, assume tanto rosto e tanta configuração: ir ao encontro do sem-abrigo, visitar o doente, acompanhar quem está nas prisões, motivar quem esta na desesperança, é ser luz para quem está na noite e na escuridão.”

A propósito do início do Jubileu da Caridade, neste domingo da Epifania, o bispo de Lisboa diz que este é um “tempo de paragem, como fizeram os Magos, após o encontro com o Menino, para retomar um outro caminho, quem sabe a estrada do amor”.

“Um caminho de paz, de harmonia”

Na homilia, D. Rui Valério sublinhou, por diversas vezes, o papel dos Reis Magos que nos “fazem não só ver, mas contemplar uma coerência, uma sincronia entre a sua busca interior e a realização dos acontecimentos”. "Adoraram o Menino", “deram de si próprios, coisas valiosas” e “descobriram uma nova humanidade”, encetando “um caminho de paz, de harmonia, de concórdia, de encontro, de amor”, referiu.

“Com a oferta que depõem perante Jesus – o ouro, o incenso e a mirra – mais do que nos mostrarem o que dão, revelam-nos a doação que Cristo faz de si mesmo."

No final da celebração deste início do Jubileu da Caridade, D. Rui Valério distribuiu quatro cruzes, uma por cada zona pastoral da diocese. Estas vão percorrer as instituições sociais que, na área geográfica do Patriarcado, dão apoio a migrantes, idosos, pessoas em situação de sem abrigo, reclusos e doentes, entre outros grupos.

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