25 nov, 2024 - 05:30 • Henrique Cunha
A XVIII edição do Presépio ao Vivo de Priscos convida a refletir sobre a inclusão de migrantes e minorias.
O responsável pela iniciativa, padre João Torres, diz, em entrevista à Renascença, que "há muitos serviços em Portugal que dependem dos imigrantes".
"Os empresários estariam desgraçados se, neste momento, ficassem sem os imigrantes", enfatiza o responsável por aquela paróquia da Arquidiocese de Braga.
O padre João Torres lembra que muitos imigrantes encontram "barreiras no acesso a serviços essenciais" e alerta para aqueles discursos xenófobos que defendem que "os imigrantes não nos fazem falta", porque “o nosso país em algumas áreas, certamente que entraria em colapso".
A XVIII edição do Presépio de Priscos vai decorrer de 15 de dezembro a 12 de janeiro e será dedicada à valorização da diversidade e à importância de integrar pessoas de diferentes origens, culturas e etnias.
"O facto de refletirmos no presépio este tema é uma forma de combatermos o preconceito e de, em vez de sermos muro, sermos uma espécie de ponte”, aponta o sacerdote.
“A ideia é podermos viver todos no mesmo sítio e podermos ser felizes e ajudar a desenvolver economicamente o nosso país”, acrescenta João Torres.
De acordo com o padre João Torres, "um dos momentos mais emocionantes da edição 2024 vai acontecer no dia da inauguração, com a participação especial de uma família oriunda do Congo, que viveu de perto a experiência de migração e superou muitos obstáculos para construir uma nova vida em Portugal".
Desde a primeira edição que a realização do Presépio conta com a colaboração da população do estabelecimento prisional de Braga.
O sacerdote sublinha que “os reclusos estão cá [em Priscos] durante todo o ano”.
"Desde janeiro até agora, já cá passaram em Priscos 10 reclusos. Eles vêm de manhã, estão das 8h30 até às 17h00 e regressam ao estabelecimento prisional, viajando em transportes públicos”, conta.
“Esta brigada de Priscos, que é assim que é conhecida em meio prisional, está ativa durante todo o ano. Não é só na altura do Natal que nós temos cá reclusos”, reforça.
O padre João Torres insiste, assim, na necessidade de se apostar verdadeiramente em políticas de reinserção social. O sacerdote defende, por exemplo, a ideia de se tentar “normalizar a vida do recluso” sempre que se “aproxima o términus da sua pena, para ele saber viver em sociedade”.
"Todas as políticas do Estado, das IPSS deveriam contemplar isso, porque, infelizmente, um recluso que esteve detido, por exemplo, durante 12 anos e que nunca tenha saído, de repente vê-se em liberdade e não sabe ser livre, não sabe lidar com essa condição”, defende João Torrres.
“Muitas vezes, quando sai da cadeia, o recluso não tem casa onde dormir e vai encontrar-se com os amigos que conheceu na prisão. E o que acontece, muitas vezes, é ele regressar à prática de crimes e voltar a regressar à cadeia com a mesma tipologia de crime que o levou ao meio prisional”, remata.