13 nov, 2024 - 12:13 • João Pedro Quesado
Fernando Magalhães Crespo defendeu de forma “intransigente” a Renascença, assim como a “liberdade na comunicação”, evocou esta quarta-feira D. Rui Valério. O Patriarca de Lisboa recordou o presidente emérito do Grupo Renascença Multimédia por usar o “carisma que impulsionou o desenvolvimento” da Renascença como “arma que atravessou e superou os mais conturbados tempos de cariz político e social”.
“Grande em humanidade e humanismo”, Magalhães Crespo “soube cultivar a harmonia entre o homem e o cristão”, e conseguiu “que cada uma dessas vertentes contribuísse de forma indelével para o enriquecimento da outra”, afirmou D. Rui Valério na homilia da missa exequial de Fernando Magalhães Crespo, que teve lugar esta manhã na Quinta do Bom Pastor, sede do Grupo Renascença Multimédia, em Lisboa.
“Foi assim que surgiu a consciência, sedimentada de forma progressiva, de que a defesa intransigente da Renascença teve um caracter integral, não ficando limitada apenas aos redutos dos ditames empresariais, mas desenvolvendo-se na senda dos valores do humanismo cristão, da salvaguarda e promoção da dignidade humana, do superior interesse das pessoas, da liberdade de expressão e dos valores eticamente superiores”, destacou o Patriarca de Lisboa. Essa defesa, apontou, acontece não só “onde e quando for imperativo lutar contra os atropelos aos direitos fundamentais das pessoas e da liberdade”, mas também “onde e sempre que a Igreja e a cidadania exige serviço e dedicação”.
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Magalhães Crespo foi uma figura central na evolução e resistência do grupo de comunicação social da Igreja, numa altura marcada por fortes tensões políticas. As antigas instalações do grupo no Chiado, em Lisboa, foram ocupadas por militares do COPCON e forças da extrema-esquerda entre julho de 1974 e dezembro de 1975.
“Diante da injustiça e da tentativa de imposição de ditames arbitrários e contrários à democracia e à liberdade, este nosso irmão contou-se entre aqueles «que têm fome e sede de justiça» e porque foi resiliente e intrépido, foi saciado por Deus”, salientou D. Rui Valério.
Para o Patriarca de Lisboa, “também a história da vida do engenheiro Magalhães Crespo nos testemunha a sua incomensurável disponibilidade e capacidade para transformar cada circunstância e ocasião em projetos de novos rumos” e “profecias de novos horizontes”.
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“Foi com esse espírito e com esse carisma que impulsionou o desenvolvimento da Rádio Renascença, mas foi também com essa arma que atravessou e superou os mais conturbados tempos de cariz político e social”, enalteceu D. Rui Valério.
O Patriarca frisou ainda que Fernando Magalhães Crespo foi “um grande homem e insigne profissional que, com a sua dedicação, capacidade de liderança, sabedoria na concretização de projetos e inaudita aptidão em ultrapassar obstáculos, escreveu uma das páginas mais marcantes da Rádio em Portugal”.
Fernando Magalhães Crespo morreu ao início da madrugada de terça-feira, aos 94 anos. Era presidente emérito do Grupo Renascença Multimédia desde 2005, depois de três décadas ao leme dos destinos do grupo – um período em que foram criadas as estações RFM, em 1987, e Mega Hits, em 1998.
O funeral realiza-se em Mata de Lobos, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, de onde Magalhães Crespo era natural.