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Assembleia Plenária da CEP

Bispos garantem que o tema dos abusos “não pode, não deve e não terá uma volta atrás”

11 nov, 2024 - 16:31 • Ana Catarina André

Na sessão de abertura da assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas alertou ainda para a “polarização política, imprópria para regimes democrático", que se acentuou em Portugal, nos últimos meses, e para a "delicada situação" em Moçambique e em Gaza.

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D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), garante que “a questão dos abusos sexuais cometidos no seio da Igreja não pode, não deve e não terá uma volta atrás”.

Na abertura da Assembleia Plenária dos bispos, que começou esta segunda-feira, em Fátima, o também bispo de Leiria-Fátima afirmou que “o processo de atribuição de compensações financeiras é (…) uma parte do caminho” e adiantou a intenção de fazer deste um “passo importante” “para o reconhecimento do mal” causado.

“Precisamos de manter a atenção constante ao sofrimento das vítimas e a firmeza na formação e na prevenção, bem como na clareza e determinação no tratamento de eventuais casos futuros”, disse ainda.

Bispos preocupados com "polarização política"

No discurso inaugural, D. José Ornelas alertou para o contexto nacional, em particular para a “polarização política", que se acentuou em Portugal, nos últimos meses, "imprópria para regimes democráticos e que parece esquecer as conquistas que mudaram o rumo da História de Portugal, há 50 anos”.

“O equilíbrio parlamentar só tem sentido se for agente da dignificação da política e as mulheres e homens que ocupam cadeiras de poder não podem defraudar as cidadãs e os cidadãos que os elegeram para contribuir para o bem de todos, a dignidade de cada vida e a afirmação de projetos que são garantia de um futuro melhor para toda a sociedade”, disse.

A propósito do atual contexto internacional, nomeadamente das guerras na Ucrânia, em Gaza e no Sudão, o presidente da CEP defendeu que “a comunidade internacional parece cada vez mais frágil e incapaz de deter as armas e interesses corporativos, para encontrar solução para os conflitos e para o negacionismo cego da situação crítica da Terra”.

“A frequência e dramaticidade deste séquito de morte parece ter deixado de nos emocionar, revoltar e exigir justiça e esforços reais de paz e humanismo, incapazes de dizer “Basta!’”, disse, acrescentando que a CEP “tem estado em contacto com a Conferência Episcopal de Moçambique, na delicada situação que o país atravessa, com ataques às populações e os protestos após as eleições” e com a Conferência Episcopal de Espanha, na sequência da tempestade que assolou Valência.

D. José Ornelas lembrou também “a situação desastrosa que se vive em Gaza”. “Continuamos a afirmar a necessidade da libertação de todos os reféns e o respeito pelas populações que estão a ser tratadas em transgressão de todos os princípios e acordos internacionais, bem como dos valores da mais elementar humanidade (...) Nesta assembleia, teremos também em cima da mesa o estudo de modos concretos para ir ao encontro de quem tanto está a sofrer”, adiantou.

"Sínodo só será inútil se não receber a atenção que merece"

No discurso inaugural da 210ª assembleia da CEP, o bispo de Leiria-Fátima mencionou, ainda, a assembleia geral do Sínodo dos Bispos, que se realizou em outubro passado, em Roma, e frisou que “este Sínodo só será inútil se não receber a atenção que merece, pela leitura atenta e o conhecimento por parte da Igreja”. E disse: “A CEP, nomeadamente através da Equipa Sinodal que foi constituída, estará também empenhada nesta leitura e no processo de transformação que ela pode e deve produzir na Igreja, colaborando diretamente com as pessoas de contacto nas Dioceses”.

Mais de um ano depois da JMJ, D. José Ornelas afirmou que “a dioceses portuguesas têm procurado manter viva a chama” e revelou que os bispos vão analisar, durante esta semana, “um projeto que pretende contar com os próprios jovens nesta dinâmica de participação e esperança”.

A assembleia plenária dos bispos, que decorre até quinta-feira, conta com a presença de 19 bispos titulares, sete bispos auxiliares e 12 bispos eméritos, além dos representantes da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal e dos Institutos Seculares.

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