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bispo D. Armando Esteves Domingues

490 anos diocese de Angra, "um farol sempre aceso que serviu navegadores e missionários”

03 nov, 2024 - 08:16 • Henrique Cunha

Bula papal de autonomização da diocese data de 3 de novembro de 1534. O bispo de Angra diz que “para falar dos Açores e da sua história é obrigatório também falar da sua fé cristã profundamente enraizada”. Em entrevista à Renascença, D. Armando Esteves Domingues fala dos novos desafios da diocese e da preocupação com “os que aceitam o estado de pobreza”.

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Bispo de Angra diz à Renascença que assinalar os 490 anos da diocese “é celebrar estes tempos em que no meio do Atlântico permanece este farol, sempre aceso, que serviu os descobridores, os povoadores e os missionários”. D. Armando Esteves Domingues defende ser necessário “pensar que a Igreja (dos Açores) chegou exatamente com as primeiras naus”, e por isso, lembrar “estes 490 anos de história é lembrar uma igreja sempre fortíssima”. “Ainda hoje, sendo uma igreja de periferia, se calhar, em alguns aspetos, desde logo pelo número de sacerdotes, mas também em muitas outras coisas, é uma diocese de alguma forma pioneira”, acrescenta o bispo.

Por isso, D. Armando fala de um tempo em que se vai “celebrar a fé que é de ontem, que é de hoje e que será de amanhã”, e diz esperar que a “diocese continue a ser aqui este farol de esperança para toda a gente tão necessitada, e que precisa desta esperança”. “Falar dos Açores ou da sua história é obrigatório falar também da sua fé cristã profundamente enraizada, e, portanto, estamos a celebrar festivamente estes 490 anos”, sublinha.

Pobres acomodados e o desafio do combate ao abandono escolar

Entre os grandes desafios da Igreja dos Açores, D. Armando destaca o combate à pobreza e a necessidade de combater a resignação. Para o bispo, o Arquipélago “está a precisar muito de uma promoção daqueles que se consideram e que aceitam estar num estado de pobreza”. “Há pouca iniciativa de muitos e um acomodar ao rótulo de pobre ou de necessitado ou de carenciado”, lamenta.

O prelado defende que estes “são desafios novos que se colocam à Igreja e às sociedades”, até porque nos Açores “um dos problemas que nós vamos sentindo é o do abandono escolar, aliado a uma certa passagem de testemunho de geração em geração desta condição de pobre, de necessitado”.

“Inverter esta mentalidade é muito importante, apesar de estarmos num tempo difícil em que não conseguimos combater estes números. É uma das grandes preocupações da diocese e esperamos que neste ano próximo do Jubileu nós consigamos de uma forma mais concreta chegar aqueles que mais sofrem e que mais sós e perdidos se encontram”, defende. “É efetivamente uma grande preocupação aqui da Igreja dos Açores”, reforça.

A Diocese de Angra completa este domingo o 490º aniversário da sua fundação, com um programa marcado pela apresentação das iniciativas pastorais agendadas para o ano do Jubileu da Esperança.

De acordo com o site da diocese, o ano de 2025 na Igreja açoriana é marcado “pelo culminar de um biénio de auscultação e discernimento sobre o caminho sinodal em curso nos Açores, assente no trabalho de três laboratórios- Sinodalidade, Fraternidade e Esperança-, nos quais todo o povo de Deus foi chamado a caminhar, com o lema “Todos, Todos, Todos, caminhar na Esperança”.

A diocese de Angra foi criada pelo Papa Paulo III, por meio da Bula Aequum Reputamus, de 3 de novembro de 1534, autonomizando-se da diocese do Funchal de que era sufragânea.

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