27 out, 2024 - 10:26 • Aura Miguel
O Papa deixou este domingo um vigoroso alerta à Igreja para não permanecer fora da realidade, sob pena de cair numa cegueira.
“Não podemos ficar sentados. Uma Igreja sentada, que quase sem se aperceber se afasta da vida e se confina a si mesma à margem da realidade, é uma Igreja que corre o risco de continuar na cegueira e de se acomodar no seu próprio desconforto”, disse na missa de encerramento do Sínodo dos bispos, na basílica de São Pedro.
Francisco insistiu várias vezes no risco da falta de dinamismo: “se permanecemos sentados na nossa cegueira, continuaremos a não ver as nossas urgências pastorais e os muitos problemas do mundo em que vivemos”.
Para o Papa, “viver é estar sempre em movimento, meter-se a caminho, sonhar, projetar, abrir-se ao futuro” e acrescentou que a Igreja, chamada a estar presente no terreno, deve ser capaz de “sujar as mãos para servir o Senhor”.
E, perante as interrogações dos homens e mulheres de hoje, os desafios do nosso tempo, as urgências da evangelização e as muitas feridas que afligem a humanidade, aproveitou para definir o que deve ser a Igreja: “não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé. Não uma Igreja muda, mas uma Igreja que acolhe o grito da Humanidade. Não uma Igreja cega, mas uma Igreja iluminada por Cristo, que leva aos outros a luz do Evangelho. Não uma Igreja estática, mas uma Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo."
No final, Francisco venerou a Cátedra de São Pedro, a cadeira mais antiga do Apóstolo, relíquia agora restaurada.
O trono de madeira, símbolo do primado do príncipe dos apóstolos, extraído do seu monumental “relicário” de bronze dourado para permitir trabalhos em vista do Jubileu, pode ser admirado no altar da Confissão a partir de domingo, 27 de outubro, no final da missa presidida pelo Papa de conclusão do Sínodo, a primeira com o dossel descoberto após a restauração. A antiga sede permanecerá para veneração dos fiéis até 8 de dezembro.