26 out, 2024 - 20:15 • Aura Miguel
O Papa encerrou esta tarde de sábado o Sínodo dos bispos sobre a sinodalidade na Igreja que, decorreu no Vaticano, durante todo este mês de outubro. O resultado deste longo processo, que se iniciou em 2021 e incluiu uma primeira assembleia sinodal durante o mês de outubro do ano passado, é um extenso documento que foi votado esta tarde e aprovado com grande maioria pelos 360 participantes.
Francisco decidiu tornar público o documento final, declarando que não tenciona escrever nenhuma exortação, como sempre acontece após cada sínodo.
“Neste tempo de guerra, devemos ser testemunhas de paz e aprender também a dar forma real ao convívio das diferenças. Por esse motivo, não tenciono publicar uma exortação apostólica, basta o que aprovámos”, afirmou.
O Papa considera que o texto votado já inclui indicações concretas que devem agora servir de guia para a missão das igrejas nos vários continentes: “Quero assim reconhecer o valor do caminho sinodal realizado que, através deste Documento, entrego ao santo povo fiel de Deus”.
Francisco reafirmou que a riqueza deste percurso é para “todos, todos, todos!”. Dirigindo-se aos participantes, o Papa pediu “Que ninguém fique de fora. E a palavra-chave é ‘harmonia’. Cabe-nos, a nós, dar voz a este sussurro, sem criar obstáculos, a abrir as portas, sem levantar muros. Quanto mal fazem as mulheres e os homens de Igreja quando levantam muros…”.
E acrescentou: “Lembrem-se que iniciámos esta assembleia sinodal, pedindo perdão, sentindo vergonha e reconhecendo que somos todos perdoados”.
Sobre alguns pontos mais polémicos (como o papel das conferências episcopais, o acesso da mulher ao diaconado, as questões de identidade de género, etc.) que surgiram durante o sínodo de 2023 e que Francisco decidiu confiar a dez "Comissões de estudo” para aprofundamento teológico, o Papa referiu que estes dez grupos “devem trabalhar com liberdade, para me darem propostas, mas precisam d tempo para chegarem a opções que envolvam toda a Igreja”.
Acrescentou ainda que esta modalidade “não é para adiar eternamente as decisões, mas corresponde ao estilo sinodal com o qual o ministério petrino deve ser exercido: escutar, convocar, discernir e avaliar”.
Por fim, o Santo Padre reconheceu que, apesar deste Documento ser “um dom para todo o povo de Deus, na variedade das suas expressões, é óbvio que nem todos o vão ler”. Por isso, caberá agora aos presentes nesta assembleia sinodal torná-lo acessível nas Igrejas locais a que pertencem, porque “o texto sem o testemunho da experiência perderia muito do seu valor”, concluiu.