21 out, 2024 - 16:30 • Ecclesia
O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé (Santa Sé) rejeitou esta segunda-feira, na sessão do Sínodo que decorre no Vaticano, que se decida com “pressa” relativamente ao diaconado feminino, na Igreja Católica.
“A pressa em pedir a ordenação de diaconisas não é a resposta mais importante para a promoção das mulheres hoje”, referiu o cardeal Victor Fernández, na reunião desta manhã, dia em que foi apresentado o projeto de documento final da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos.
“Pensar no diaconado para algumas mulheres não resolve a questão dos milhões de mulheres na Igreja”, prosseguiu, numa intervenção posteriormente divulgada pelo Vaticano e enviada à Agência Ecclesia.
O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé descartou mudanças, no imediato, pedindo apoio dos participantes no Sínodo para definir “possíveis caminhos para a participação das mulheres na liderança da Igreja”.
“O Papa expressou que, neste momento, a questão do diaconado feminino não está madura e pediu que não nos debrucemos sobre essa possibilidade agora”, acrescentou o cardeal Fernández.
O colaborador de Francisco insistiu num desenvolvimento de propostas “sem se concentrar na ordem sagrada”, falando em “passos” que podem ser dados, como o ministério de catequistas que “apoiam as comunidades na ausência de padres, mulheres que são responsáveis, lideram comunidades e desempenham várias funções”.
“O acolitado para as mulheres foi concedido numa pequena percentagem nas dioceses, e muitas vezes são os padres que não querem apresentar as mulheres ao bispo para este ministério”, acrescentou.
A intervenção abordou ainda a ausência de responsáveis de topo do Dicastério para a Doutrina da Fé num encontro com os participantes no Sínodo, na última sexta-feira, para abordar o andamento do grupo de trabalho 5, coordenado pelo secretário doutrinal (padre Armando Matteo), ausente por motivos médicos.
O cardeal Fernández anunciou um novo encontro, para a próxima quinta-feira, destinado a “ouvir ideias sobre o papel da mulher na Igreja”, apresentando mais elementos sobre o grupo de trabalho e os peritos que fazem parte do mesmo.
Já a comissão de estudo sobre o diaconado feminino na Igreja Católica, criada em 2020 sob a presidência do cardeal Giuseppe Petrocchi, arcebispo de Áquila (Itália), vai continuar em funcionamento.
No encontro diário com jornalistas, a respeito dos trabalhos desta segunda sessão sinodal, o cardeal Matteo Maria Zuppi, arcebispo de Bolonha (Itália), considerou que neste processo “não há problemas que são postos de lado, que são postos em ponto morto ou que são censurados”.
Timothy Radcliffe, assistente espiritual desta Assembleia Sinodal, admitiu que muitos participantes ainda sentem “dificuldade” em perceber o objetivo deste encontro, falando ainda da “tentação da imprensa de procurar decisões, manchetes gigantescas”, em vez de considerar “a profunda renovação da Igreja em novas situações”.
A irmã Nathalie Becquart, subsecretária da Secretaria-Geral do Sínodo, destacou as possibilidades já existentes para valorizar o papel das mulheres nas comunidades católicas, sublinhando o exemplo dado pela própria assembleia, onde as participantes exercem vários cargos de responsabilidade.
“Estou convencida de que podemos avançar passo a passo e alcançar resultados concretos, para que possamos compreender que não há nada que impeça as mulheres de desempenhar papéis importantes na Igreja”, observou.