07 out, 2024 - 10:46 • Olímpia Mairos
Na mensagem que assinala o Dia Internacional pelo Trabalho Digno, o MMTC (Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos) afirma que “a promoção da justiça social e de uma economia para a vida com que o movimento se comprometeu nos próximos 4 anos só é possível se todos os homens e mulheres tiverem acesso a um trabalho digno, isto é, emprego com uma remuneração adequada (em efetivo ou em espécie), segurança no trabalho e condições laborais saudáveis”.
“Infelizmente, as tendências da atual situação política mundial parecem querer ignorar os pequenos contributos e os passos conquistados até agora no âmbito dos direitos e liberdades pessoais. A crescente ascensão e tentativas de chegar ao poder dos partidos da extrema-direita constituem uma ameaça sem precedentes para os valores da democracia, o Estado de direito, a igualdade e a justiça”, adverte a organização.
“Com vista à celebração do Dia Mundial pelo Trabalho digno a 7 de outubro de 2024, unimo-nos aos movimentos na Europa na sua declaração contra a ascensão ao poder dos partidos de extrema-direita e às suas negativas consequências no âmbito dos direitos pessoais e naquilo que diz respeito ao trabalho digno”, prossegue a mensagem.
As organizações membros do MMTC afirmam que “é com grande preocupação” que assistem ao “regresso das políticas populistas de direita, por vezes mesmo de extrema-direita, em muitos dos nossos países”.
“Os trabalhadores, funcionários, e frequentemente, as pessoas em situações precárias sucumbem face às estratégias nefastas dos partidos neofascistas e pós-fascistas de todo o mundo. Inclusive os membros sindicais também estabelecem certas amizades”, lê-se no documento.
Para o Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos “recorrer ao populismo e ao extremismo de direita é incompatível com a dignidade do ser humano no trabalho”.
“Quase todos os partidos de extrema-direita do espectro político estão empregando uma política económica e financeira extremamente liberal. Protegem as altas rendas e os mais ricos, além disso negam a obrigação social da propriedade, sobretudo aos ricos. O seu credo é o poder do mercado e a redução da responsabilidade do Estado social”, denuncia a organização católica.
Segundo a Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos, as pessoas que, por diversas razões, só podem trabalhar parcialmente, são sistematicamente injustiçadas, no mesmo patamar que os trabalhadores imigrantes.
“Ao nível internacional, o nacionalismo ou a ascensão económica do próprio país, erigida como máxima suprema por estes partidos, conduzem a uma implacável competência global por custos laborais mais baixos. Quem vota por eles declara-se contra a sua própria dignidade e nega a solidariedade internacional com todos os povos a que estão chamados os cristãos”, adverte o movimento.
Ainda segundo a LOC/MTC, “o populismo e a extrema-direita estão a beneficiar de um aproveitamento tóxico de frustração e protesto contra a má gestão da crise por parte de muitos governos”.
Lembrando que a vocação dos trabalhadores cristãos “é desenvolver e organizar uma sociedade em que cada pessoa possa viver e trabalhar com dignidade com todos os outros”, a liga católica mostra-se convicta de “uma política ao serviço da democracia e dos seus direitos fundamentais baseia-se na vontade de compromisso, capacidade de integração e vontade de superar a oposição política e as divisões culturais”.
Para celebrar o Dia Internacional pelo Trabalho Digno, que se assinala esta segunda-feira, a Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) promove uma conferência online com o tema “Trabalho digno por uma sociedade humanizada”.
A iniciativa, que está marcada para as 21h00 conta com intervenções da diretora da OIT, Lisboa Mafalda Troncho, de Miguel Fontes (ex-secretário de Estado do Trabalho) e do bispo auxiliar do Porto, D. Roberto Mariz.