01 out, 2024 - 10:45 • Olímpia Mairos
“Estamos em perigo permanente”. As palavras são da irmã Maya El Beaino, religiosa das Irmãs dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, que apesar dos bombardeamentos contínuos, decidiu ficar no convento de São José, em Ain Ebel, no Sul do Líbano, a cinco quilómetros da fronteira israelita, para acompanhar a comunidade cristã.
Em conversa ao telefone com a Fundação AIS, a religiosa descreve uma situação muito difícil que se agravou com o início das operações militares terrestres na região.
“Ainda há aqui cerca de 9 mil cristãos, espalhados por três aldeias. Estamos em perigo permanente”, diz a Irmã Maya El Beaino, acrescentando que “não há nenhum hospital por perto e só temos três horas de eletricidade por dia. Isso significa que não temos água nem ligação à Internet para contactar a Cruz Vermelha”.
Segundo a AIS, durante a chamada telefónica com a religiosa foram audíveis ao fundo explosões de bombas”.
Em Rmeich há duas outras comunidades religiosas. A presença das irmãs é um conforto para aqueles que optaram por ficar nas suas casas apesar dos bombardeamentos.
“Toda a gente fala das pessoas que fugiram por causa dos ataques, mas ninguém fala dos muitos cristãos que escolheram ficar porque têm medo de perder a sua casa e a sua terra para sempre”, assinala a Irmã Maya, realçando que “apesar de muitos terem deixado a região no início da guerra de Gaza, em outubro de 2023, muitas famílias regressaram a casa porque a vida em Beirute é demasiado cara e porque muitos não conseguiram suportar a separação dos pais, que ficaram sozinhos no Sul”.
A fundação pontifícia internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), através desta religiosa, forneceu nos últimos meses ajuda médica a cerca de 1.200 pessoas que permaneceram em Ain Ebel apesar do perigo. Financiou também ajuda sob a forma de pacotes de alimentos para milhares de famílias carenciadas no Sul do Líbano.
A única escola católica da região, que ensina crianças de 32 aldeias vizinhas, é dirigida pelo convento de San José, mas devido à guerra, o ensino presencial teve de ser interrompido.
“Vimos como Israel atacou duas escolas em Gaza. As crianças não estariam seguras na escola”, explica a Irmã Maya, que é também a diretora da escola.
“A situação é simplesmente horrível”, lamenta.
Neste contexto, a Fundação AIS faz um apelo urgente à oração de todos pelo povo do Sul do Líbano, pelas vítimas da guerra, pelos refugiados e pelo fim da violência.
“Pedimos ao Deus de todo o conforto que ouça as nossas orações”, disse a presidente Executiva Internacional da Fundação AIS, Regina Lynch.
“Que Deus permita que o Seu amor e compaixão toquem os corações daqueles que estão envolvidos nos combates, inspirando-os a procurar soluções pacíficas, para que a justiça e a reconciliação possam reinar em toda a Terra Santa e para além dela”, completou.