29 set, 2024 - 15:38 • Aura Miguel
No regresso da sua viagem ao Luxemburgo e à Bélgica, o Papa Francisco criticou os países que fazem um uso "superlativo" da sua força militar, acusando-os de cometer "ações imorais".
Interrogado sobre a dimensão dos pesados bombardeamentos no Líbano, o Sumo Pontífice Papa recordou que “a defesa deve ser sempre proporcionada ao ataque" e “quando há algo desproporcionado, vê-se uma tendência dominadora que ultrapassa a moralidade”. Ou seja, qualquer país "que use as suas forças de modo superlativo, comente acções imorais”. Porque na guerra “também há uma moralidade a cumprir e quando isso não acontece é sinal de sangue mau”, afirmou.
O Sumo Pontíifce Francisco reafirmou a sua preocupação pelo que se passa em Gaza e na Palestina e, agora, pelo alargamento do conflito ao Líbano.
Interrogado, no avião, sobre a polémica causada pela reação dos estudantes na Universidade de Louvaina, Francisco disse que as mulheres têm direito à vida, têm direito à sua vida e à vida dos filhos mas acrescentou, com veemência: “Não esqueçamos isto, o aborto é um homicídio. A ciência confirma que logo no primeiro mês depois da concepção já existem todos os orgãos. Por isso, mata-se um ser humano”.
O Papa quis ainda acrescentar que os médicos que se prestam a isto, “permitam-me a expressão, são sicários”. E concluiu: “Sobre isto não há discussão, mata-se uma vida humana!”
Confrontado com o Comunicado de protesto que o acusa de ser demasiado conservador, também Francisco foi duro na resposta. “O comunicado foi feito enquanto eu falava, foi previamente preparado: isto não é moral. Eu falo sempre sobre a dignidade da mulher. Até disse uma coisa que não posso dizer dos homens: a Igreja é mulher, é a esposa de Jesus. Masculinizar a Igreja, masculinizar as mulheres não é humano, não é cristão!”
O Papa acrescentou que o feminino tem uma força própria e que a mulher é mais importante do que os homens, porque a Igreja é mulher, é esposa de Jesus.
“Ora, se isto que eu digo parece conservador àquelas senhoras, então eu sou o Carlos Gardel (cantor antigo de tangos…)“, disse em tom irónico. “Vejo nisto uma mente obtusa que não quer ouvir falar destas coisas. A mulher é igual ao homem, sim. Aliás, na vida da Igreja, a mulher é superior, porque a igreja é mulher.”, acrescentou.
Neste contexto, o Santo Padre reafirmou o seu desejo de beatificar o Rei Balduíno. “Foi um rei corajoso porque, perante uma lei de morte, ele não a assinou e demitiu-se. É preciso ter coragem, é preciso ser um político ‘com estaleca´ para fazer isto.”
Francisco acrescentou ainda que esta atitude do monarca também deu “uma importante mensagem à Igreja e fê-lo porque era um santo. E como é santo, o processo de beatificação vai avançar”.
O Papa Francisco afirmou no domingo que as vítimas de abusos sexuais por parte do clero católico na Bélgica merecem mais compensações financeiras, classificando os montantes que lhes foram atribuídos até agora como “muito pequenos”.
No voo de regresso da Bélgica para Roma, onde o pontífice foi pressionado pelos líderes políticos do país para ações mais concretas para lidar com os abusos do clero, Francisco reiterou ainda o compromisso da Igreja Católica em ajudar os sobreviventes.
“Devemos cuidar daqueles que foram abusados e punir os abusadores”, disse.