28 set, 2024 - 17:18 • Aura Miguel
Os alunos da Universidade de Louvain-la-neuve acolheram o Papa com a leitura de uma longa carta onde denunciam um conjunto de ofensas à Casa Comum, desde “o saque dos recursos do sul do mundo e das populações indígenas, com a cumplicidade da religião”, ao papel da mulher na igreja. “A teologia católica tende a reforçar a divisão (entre homem e mulher) através da sua 'teologia da mulher’, que exalta o seu papel materno e lhe proíbe o acesso aos ministérios ordenados”, lamentaram os estudantes .
Francisco respondeu-lhes: ”Não é o consenso nem são as ideologias que sancionam o que é caraterístico da mulher, o que é feminino. A dignidade é assegurada por uma lei original, escrita não no papel, mas na carne. A dignidade é um bem inestimável, uma qualidade original, que nenhuma lei humana pode dar ou tirar”.
“Na Igreja há lugar para todos e ninguém deve ser (...)
O Papa insistiu na importante vocação e a missão do homem e da mulher “e o seu mútuo ser um para o outro, em comunhão; não um contra o outro, com reivindicações opostas, como acontece com o machismo e o feminismo, mas são um para o outro”.
A propósito do respeito pela Casa Comum, Francisco também lembrou que “Deus é Pai, não patrão; é Filho e Irmão, não ditador; é Espírito de amor, não de domínio” e que “nenhum projeto de desenvolvimento será bem sucedido se a arrogância, a violência e a rivalidade permanecerem nas nossas consciências”.
Por fim, o Santo Padre pediu aos alunos fidelidade à verdade, porque “sem a verdade, a nossa vida perde sentido”, afirmou. “A verdade torna-nos livres. Quereis a liberdade? Procurem e sejam testemunhas da verdade!"
Em reação, a Universidade Católica de Louvain agradeceu ao Papa Francisco por partilhar as suas preocupações, mas lamentou as suas "posições conservadoras" sobre o papel da mulher na sociedade.
"A UC Louvain expressa a sua incompreensão e repúdio da posição expressada pelo Papa Francisco no que toca ao papel da mulher na Igreja e na sociedade", indicando que a universidade é "inclusiva" e está "comprometida com a luta contra a violência sexista e sexual".
[notícia atualizada com a reação da Universidade às declarações do Papa Francisco]