26 set, 2024 - 11:07 • Olímpia Mairos
A coordenadora de projetos da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) no Líbano alerta que “a vaga de ataques aéreos contra os bastiões do Hezbollah no Líbano está a ter um efeito devastador em toda a população, incluindo os cristãos, e poderá levar ainda mais pessoas a abandonar o país”
Em visita à sede da instituição, em Königstein, na Alemanha, Marielle Boutros adiantou que toda a população está a sentir o efeito dos ataques.
“Está a afetar toda a gente, porque todo o Sul do Líbano está a ser visado e há nessa região muitos cristãos. Não são zonas puramente xiitas ou do Hezbollah. Por ali vivem muitas famílias cristãs. Algumas perderam as suas casas e estão agora a deslocar-se do sul para outros locais como Beirute, Monte Líbano e para o norte, procurando encontrar segurança”, revelou, em declarações à AIS.
Marielle Boutros teme que esta nova guerra possa provocar outro êxodo, diminuindo ainda mais a presença e a influência dos cristãos na região.
“Tenho 37 anos e já vivi mais de cinco guerras no Líbano. Não é fácil viver num país onde num dia se está bem e no outro é preciso esconder-se dos mísseis. Não é o tipo de vida que os jovens gostam de viver. O trauma que as pessoas estão a viver agora e o trauma de mais uma guerra não serão facilmente esquecidos”, refere.
Israel efetuou novos ataques contra alvos do Hezbo(...)
Segundo a responsável, até agora os projetos da AIS no território, nomeadamente no sul do país e no Vale de Bekaa, não foram diretamente afetados, considerando que são mais necessários do que nunca.
Os projetos destinam-se sobretudo “a ajudar as pessoas através da distribuição de alimentos e produtos sanitários, e nada foi interrompido ou diretamente afetado por estes ataques. É verdade que as escolas, que também temos apoiado fortemente, estão fechadas, mas isso é temporário, e estão agora a passar para o ensino online”, explica
A coordenadora de projetos da AIS no Líbano revela que “as pessoas estão agora a viver em salões das igrejas, pelo que vão precisar de alimentos, produtos sanitários, colchões, cobertores e, se a situação se mantiver, vamos precisar de aquecimento para o Inverno, embora, claro, esperemos que isto não dure tanto tempo”.
A Fundação AIS apoia atualmente mais de 300 projetos no Líbano. Para além da ajuda material, Marielle Boutros apela a todos os benfeitores e amigos da Fundação AIS para que rezem para que a paz “chegue finalmente ao Líbano e a toda a região, e para que se ponha um fim, de forma justa, ao atual conflito”.