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Papa apela ao diálogo inter-religioso na despedida de Singapura. "Todas as religiões são um caminho para Deus"

13 set, 2024 - 04:05 • Aura Miguel (enviada a Singapura) , com Ricardo Vieira

Na reta final da visita a Singapura e ao sudeste asiático, Francisco deixou um desafio: “Num mundo de inteligências artificiais, temos de ser autênticos, verdadeiros, sem máscaras nem fingimentos”. O Papa pediu ainda aos jovens “coragem para amar” quem é diferente

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O Papa disse esta sexta-feira em Singapura que "todos os jovens devem utilizar as redes sociais, mas devem utilizá-los para nos ajudar a avançar e não para nos escravizar".

O Papa Francisco pediu aos jovens que sejam protagonistas do diálogo entre religiões e que tenham a coragem de amar quem pensa de forma diferente e tem outras convicções, cultura e proveniência.

"Uma das coisas que mais me impressionou em vós, jovens, é a capacidade de diálogo inter-religioso. Isso é muito importante, porque se começarem a discutir, a minha religião é mais importante do que a vossa, a minha é verdadeira, a vossa não é verdadeira, onde é que isso nos leva? Leva-nos à discussão. Todas as religiões são um caminho para Deus", disse Francisco, durante um contro inter-religioso com jovens, no “Catholic Junior College”

A mensagem de “coragem, partilha e discernimento” foi deixada esta quarta-feira, na reta final da visita a Singapura e ao sudeste asiático.

No encontro no “Catholic Junior College”, o Sumo Pontífice pediu aos mais novos que cultivem “uma atitude corajosa” e de compromisso com um “caminho de amizade e diálogo”.

“Gostaria de dizer: a coragem do amor. Sim, porque é preciso muita coragem para amar verdadeiramente, sobretudo para amar aqueles que estão longe da nossa maneira de pensar e são diferentes de nós em termos de proveniência, cultura ou tradição religiosa”, salienta o Papa.

Uma viagem pela “vivacidade  da fé". O périplo mais longo de Francisco
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Com a experiência e sabedoria dos seus 87 anos, Francisco recorda que “é muito mais fácil fecharmo-nos no nosso pequeno mundo, cuidarmos das nossas coisas, vivermos tranquilamente, divertirmo-nos e não pensarmos muito nisso”.

“Mas se quisermos alargar o espaço do nosso coração e ser um fermento de unidade no mundo em que vivemos, então é necessária a coragem do amor”, defende o Papa.

Neste derradeiro momento da viagem de 33 mil quilómetros ao sudeste asiático, a maior do pontificado, o Santo Padre pede aos jovens que tentem envolver outros jovens nesta missão de sermos “todos irmãos”.

Digam não à preguiça, não vos deixeis abater por críticas estéreis: tenham a coragem de avançar na senda do diálogo e tenham a audácia de explorar novos caminhos, de os propor nos lugares que frequentam, na sociedade, nos locais de culto. A coragem é uma palavra-chave!”

Para além da “virtude da coragem”, Francisco considera que há outra coisa que as novas gerações não podem perder de vista: a necessidade de partilha.

“Por vezes, fala-se muito de diálogo inter-religioso e fazem-se esforços, nem sempre bem-sucedidos, para encontrar pontos comuns a todo o custo. No entanto, o que derruba os muros e reduz as distâncias não são tanto as palavras, os ideais e as teorias, mas, acima de tudo, a experiência humana da amizade, do encontro, do olhar nos olhos”, assinala.

Outro pilar da mensagem do Papa foi a necessidade de discernimento, “a arte de saber distinguir: saber captar a verdade escondida, por vezes mascarada por tantas ilusões ou fake news”.

"Num mundo de inteligências artificiais, temos de ser autênticos"

“É certo que o progresso tecnológico e a inteligência artificial representam uma revolução em tantos domínios da vida e da sociedade; mas, ao mesmo tempo, somos chamados a permanecer vigilantes e a discernir, para que o predomínio dos instrumentos tecnológicos, sobretudo, não esmague a dignidade da pessoa humana e não crie situações sociais de desigualdade e injustiça”, alertou o Papa Francisco.

Os jovens têm que aprender a discernir e, “num mundo de inteligências artificiais, temos de ser autênticos, verdadeiros, sem máscaras nem fingimentos”, desafiou.

Para o Papa, “só assim poderemos integrar a corrente do progresso humano, utilizando todos os instrumentos, sem sermos usados por nada nem por ninguém”.

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