10 set, 2024 - 09:36 • Olímpia Mairos , Aura Miguel, enviada especial , Pedro Mesquita
A Esplanada de Tasi Tolu tornou-se pequena para a Eucaristia com o Papa. Estima-se que estiveram presentes cerca 600 mil pessoas, segundo dados do Vaticano.
Os fiéis começaram a chegar bem cedo e muitos foram os que ficaram de fora por já não haver espaço no recinto, espalhando-se pelas imediações com chapéus de sol com as cores do Vaticano, branco e amarelo, e o retrato do Papa, para se resguardarem do calor e do sol.
“Não tenhamos medo de nos tornarmos pequenos diante de Deus e uns dos outros, de perder a nossa vida, de dar o nosso tempo, de rever os nossos programas, renunciando a alguma coisa para que um irmão ou uma irmã possa estar melhor e ser feliz”, incentivou o Papa na homilia da eucaristia.
“Não tenhamos medo até de redimensionar os nossos projetos quando for necessário, não para os diminuir, mas para os tornar ainda mais belos através do dom de nós mesmos e do acolhimento dos outros, com a imprevisibilidade que isso comporta”, pediu, assinalando que “a verdadeira realeza é a de quem dá a vida por amor”.
Francisco afirmou ainda que “Timor-Leste é bonito porque tem muitas crianças”.
“Sois um país jovem onde, por todo o lado, se sente a vida a pulsar, a desabrochar”, disse.
“E isso é um grande dom: a presença de tantos jovens e crianças renova constantemente a frescura, a energia, a alegria e o entusiasmo do vosso povo. Mas, mais ainda, trata-se de um sinal, porque dar espaço aos mais pequenos, acolhê-los, cuidar deles, e fazermo-nos pequenos diante de Deus e diante uns dos outros, são precisamente as atitudes que nos abrem à ação do Senhor”, sublinhou.
Centrando a sua reflexão na primeira leitura da eucaristia, extraída do livro de Isaías, em que o profeta se dirige aos habitantes de Jerusalém, numa época próspera para a cidade, mas infelizmente caracterizada por uma grande decadência moral, o Santo Padre nota que “há muita riqueza, porém o bem-estar cega os poderosos, iludindo-os com a ideia de serem auto- suficientes, de não precisarem do Senhor, e a sua presunção leva-os a ser egoístas e injustos”.
“É por isso que, apesar de haver tantos bens, os pobres são abandonados e passam fome, a infidelidade alastra e a prática religiosa se reduz, cada vez mais, a mera formalidade”, alertou.
Para Francisco, “a fachada enganadora de um mundo, à primeira vista perfeito, esconde assim uma realidade mais sombria, triste, dura e cruel, com necessidade de conversão, misericórdia e cura”.
Francisco presidiu à eucaristia no mesmo local onde foi celebrada a missa presidida por São João Paulo II, a 12 de outubro de 1989, ainda sob ocupação indonésia.