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Papa e Grande Imã condenam fundamentalismos

05 set, 2024 - 07:14 • Aura Miguel

Banho de multidão na receção ao Papa no maior país muçulmano do mundo.

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Numa visita histórica à maior mesquita do sudeste asiático, o Papa pediu que "ninguém sucumba ao fascínio do integrismo e da violência, mas que todos se deixem cativar pelo sonho de uma sociedade e humanidade livres, fraternas e pacíficas”.

O encontro começou com a visita ao túnel subterrâneo, designado “túnel da amizade”, que liga, na mesma praça de Jacarta, a Mesquita Istiqlal à Catedral de Nossa Senhora da Assunção, “sinal eloquente, que permite que estes dois grandes lugares de culto estejam não só ‘em frente’ um do outro, mas também ‘ligados’ um ao outro”, disse o Papa. “Perante tantos sinais de ameaça, face aos tempos sombrios, contrapomos o sinal da fraternidade que, acolhendo o outro e respeitando a sua identidade, o incentiva a percorrer um caminho comum, feito de amizade e rumo à luz”, afirmou.

A Declaração Conjunta de Istiqlal 2024

Antes dos discursos, os dois líderes religiosos assinaram uma declaração conjunta intitulada“ Promover a harmonia religiosa em prol da humanidade”. O documento assume a existência de “graves e, por vezes, dramáticas crises que ameaçam o futuro da humanidade, em particular, as guerras e os conflitos, infelizmente alimentados pela instrumentalização religiosa” e considera também que a crise ambiental, “tornou-se um obstáculo ao crescimento e à convivência dos povos”.

O texto propõe que os valores comuns a todas as tradições religiosas “sejam promovidos e reforçados, ajudando a sociedade a derrotar a cultura da violência e da indiferença e a promover a reconciliação e a paz”.

Na mesquita projetada por um cristão

A mesquita de Istiqlal, com capacidade para 250 mil pessoas, foi projetada, em 1954, por um arquiteto cristão, Friedrich Silaban. “Isto testemunha que, na história desta Nação e na cultura que aqui se respira, a mesquita e outros lugares de culto são espaços de diálogo, de respeito mútuo, de convivência harmoniosa entre religiões e sensibilidades espirituais diferentes”, recordou o Santo Padre. “Encorajo-vos a prosseguir por este caminho, juntos, cada um cultivando a sua espiritualidade, praticando a sua religião e, assim, contribuir para a construção de sociedades abertas, fundadas no respeito mútuo e no amor recíproco, capazes de isolar a rigidez, os fundamentalismos e os extremismos, que são sempre perigosos e nunca justificáveis”, disse o Papa no seu discurso.

O Grande Imam Nasaruddin Umar recordou, por sua vez, que esta mesquita promove, na Indonésia, a moderação e tolerância religiosa. E que a presença do Papa na maior mesquita da Ásia - a terceira maior do mundo depois de Meca e Medina - “é uma grande honra para todos os cidadãos indonésios”.

O tesouro mais importante do que a maior mina de ouro

Francisco agradeceu o caminho comum percorrido e elogiou o grande mosaico cultural e religioso da Indonésia, a par da sua riqueza natural. “E se é verdade que albergais a maior jazida de ouro do mundo, sabei que o tesouro mais precioso é a vontade de que as diferenças não se tornem motivo de conflito, mas se harmonizem na concórdia e no respeito recíproco.Não percais este dom!”, afirmou. “Que ninguém sucumba ao fascínio do integrismo e da violência, mas que todos se deixem cativar pelo sonho de uma sociedade e humanidade livres, fraternas e pacíficas!”

[notícia atualizada às 8h20 de 5 de setembro de 2024]

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