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“À noite na cidade”. Iniciativa dos jesuítas mobiliza 1700 pessoas em Lisboa

03 jul, 2024 - 21:49 • Ângela Roque

Encontro está marcado para dia 8 de julho. “Queremos mostrar que a noite e a fé podem andar de mãos dadas”, diz à Renascença Miguel Louza Viana, da direção do Centro Universitário Padre António Vieira, por onde passam três mil estudantes por mês. Desde que abriu portas, há 40 anos, o CUPAV já acompanhou mais de 100 mil jovens, crentes e não crentes.

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“À noite na cidade”. Iniciativa dos jesuítas mobiliza 1700 jovens em Lisboa
Miguel Louza Viana em declarações à jornalista Ângela Roque

A 12.ª edição da iniciativa "À Noite na Cidade" está marcada para a próxima segunda-feira, 8 de julho, em Lisboa. Organizada pelo CUPAV - Centro Universitário Padre António Vieira, em anos anteriores passou por locais tão diversos como o Estádio Nacional, a Sé, o Castelo de S. Jorge, o Museu da Eletricidade ou a praia de Algés. O ponto de encontro é a igreja de S. Domingos, às 19h30, mas o resto da atividade é surpresa.

Miguel Louza Viana, da direção do CUPAV, falou à Renascença sobre a importância deste centro universitário dos jesuítas e sobre esta atividade para a qual estão inscritos mais de 1.700 participantes, a maioria jovens, e há lista de espera.

No que é que consiste esta iniciativa, e o que é que faz com que seja sempre um sucesso?

Aqui no CUPAV, que tem como principal objetivo acompanhar jovens universitários, começámos a perceber que aqueles que já não eram universitários queriam continuar a ligados ao CUPAV, por isso em 2012 sentiu-se a necessidade de criar um evento de final de ano, em que juntávamos toda a comunidade ligada ao CUPAV. Os universitários e os não universitários, aqueles que em tempos tiveram uma ligação ao CUPAV, e muitos outros que se foram ligando entretanto, podiam juntar-se no final do ano para celebrar a fé juntos no meio da cidade de Lisboa.

Por isso é que o convite diz que é para os jovens dos zero aos 99 anos?

Exatamente. Porque um grande objetivo deste evento, e do CUPAV em si, é criar uma comunidade cada vez maior, em que cada um se sinta parte e se sinta integrado. Para nós é o mais importante.

Onde é que vai decorrer a edição este ano?

O que posso dizer, porque há sempre uma parte de mistério, é que vamos começar no largo de S. Domingos. Teremos um momento forte dentro da Igreja de São Domingos, e depois o resto será surpresa. Teremos uma caminhada, uma missa final, mas os locais ficam surpresa.

Em edições anteriores passaram por locais bastante emblemáticos, como o Estádio Nacional, a Sé catedral ou o Castelo de São Jorge...

E a Torre de Belém, o MAAT - Museu de Eletricidade, a praia de Algés, Monsanto, o Convento do Carmo, muitos sítios. O objetivo é, de certa forma, mostrar que é possível encontrar Deus, fazer um momento de oração forte em qualquer local, em qualquer sítio da cidade, no meio da confusão do dia a dia, é sempre possível fazer uma experiência forte de Deus.

No caso é à noite.

Sim. Se calhar não associamos a noite à fé, e nós queremos mostrar o contrário, que a luz, a arte, a beleza e o convívio, tudo isso tem que ver com a fé. A noite e a fé podem andar sempre de mãos dadas.

Já têm muitos inscritos para a edição deste ano?

Sim, já temos mais de 1700 inscritos.

Esta é uma atividade que celebra o encerramento do Ano Pastoral no CUPAV. O que é que é diferenciador neste centro universitário para continuar a atrair tantos jovens ao longo do ano?

Nós costumamos dizer que o CUPAV oferece aquilo que a faculdade não dá, isto para os universitários. Queremos que qualquer universitário se sinta em casa aqui no CUPAV, que consiga conhecer cada vez melhor a sua fé, consiga conhecer-se a si próprio cada vez melhor, que conheça outros, que possa formar amizades duradouras, mas acima de tudo que se sinta em casa. E por isso aqueles que deixam de ser universitários, que seguem as suas vidas pós universidade, continuam a querer manter-se muito ligados ao CUPAV, e por isso o CUPAV nestes últimos 40 anos tem criado comunidades e oferta também para quem já não se encontra na faculdade. Mas não só, este evento também tem o grande objetivo de chamar aqueles que possam não ter qualquer ligação ao CUPAV, mas que estejam interessados e queiram ter uma noite diferente, são muito bem-vindos.

Há histórias bonitas que vamos conhecendo, de pessoas que se ligaram à fé e ao CPAV, mais concretamente, numa destas atividades. Não tinham qualquer ligação e com estas atividades foram conhecendo a fé e o encontro com Deus.

Muitas histórias, certamente... Não sei se tem presente esses números, mas quantas pessoas é que já passaram pelo CUPAV até hoje, desde que abriu, e qual é a média anual?

Por acaso temos feito essas contas, agora há pouco tempo. Cremos que, em média, desde o início das atividades do CUPAV, em 1984, devem ter passado por aqui 100 mil pessoas. E cerca de 3 mil são impactadas diretamente pelo CUPAV por mês, hoje em dia. Obviamente no início não eram tantas, mas aos dias de hoje, cerca de 3 mil pessoas por mês passam pelas nossas portas, e é uma grande alegria poder acompanhar tanta gente.

Este é um projeto muito significativo ao nível da pastoral juvenil e universitária no país…

E não só. Universitária e juvenil, claro que sim, mas tem-nos dado uma grande alegria perceber que muitas pessoas que se calhar sentem que já não têm espaço, por já não andarem na faculdade ou porque têm uma vida muito atarefada de trabalho e família, sentem que no CUPAV também têm um local, nem que seja a Missa ao domingo, ou uma atividade pontual ao fim de semana, ou apenas vir conversar com um padre no final do dia. Há sempre essa possibilidade. Queremos ser uma casa de portas abertas para todos, crentes e não crentes.

A espiritualidade inaciana, ligada aos jesuítas, marcou muitos momentos da Jornada Mundial da Juventude, nomeadamente a Via Sacra. Neste pós JMJ notaram que houve mais procura pelo CUPAV, por esta caminhada espiritual junto dos jesuítas?

Não tenho a certeza se toda a gente faz essa ligação da participação dos jesuítas diretamente na Via Sacra, que houve, mas o que eu sinto pós JMJ é que viver a fé, pelo menos em Lisboa, passou a ser para os jovens uma coisa, entre aspas, 'cool'. Se calhar não era tão associada a juventude à Igreja, e o que a JMJ veio mostrar é que a Igreja está viva e tem jovens presentes. Por isso, o que temos sentido é que neste pós jornada, os jovens sentem-se mais à vontade de viver a sua fé publicamente.

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