31 mai, 2024 - 16:41 • Ana Catarina André
A Fundação Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, responsável pela organização do evento que trouxe o Papa Francisco a Portugal, encerrou as contas o ano passado com um saldo positivo de mais de 35 milhões de euros.
“O número de inscritos na reta final ultrapassou a nossa expectativa. Entre peregrinos, voluntários e o clero ultrapassámos o número mágico dos 400 mil. Nunca pensei que chegássemos lá”, disse o ainda presidente da fundação, o Cardeal D. Américo Aguiar, na apresentação aos jornalistas, referindo o apoio do Estado, das empresas, dos particulares e dos voluntários, como contributo para que "as coisas tenham este desfecho mais positivo”.
Segundo D. Américo Aguiar, a gestão da Fundação JMJ foi "muito contida, austera". "Houve uma altura que tivemos uma expectativa de 3 a 4 milhões [de euros], porventura, mas depois começou a acontecer uma coisa que me foi assustando e tirando o sono: os preços das coisas", afirmou o também bispo de Setúbal. E acrescentou: "Queria que cada português e cada trabalhador sentisse este balanço positivo como seu. Acho que é bom chegarmos ao fim de um evento e termos um balanço positivo".
Segundo comunicado da fundação, “o valor angariado será, posteriormente, aplicado no desenvolvimento de projetos de apoio a jovens nos concelhos de Lisboa e Loures”. Questionado pelos jornalistas, o Cónego Alexandre Palma, que a partir de julho substituirá o Cardeal D. Américo Aguiar como presidente da Fundação JMJ, disse que a organização continuará a centrar a sua atividade na infância e na juventude, e admitiu que a educação, a cultura e a pastoral poderão ser áreas a privilegiar. “Depende das solicitações e do diálogo a estabelecer com os parceiros”, referiu.
De acordo com o Relatório e Contas, apresentado esta sexta-feira, a que a Renascença teve acesso, a fundação recebeu, no âmbito da realização do encontro que trouxe a Lisboa mais de 1,5 milhões de pessoas, um total de 74 milhões de euros em contribuições, inscrições e doações. Pouco mais de metade deste valor (58%), foi gasto com pagamentos a fornecedores e serviços externos e pessoal.
Contas feitas, o dinheiro angariado para a JMJ permitiu pagar os gastos que a Igreja teve com o evento, tendo sobrado ainda 31 milhões. Assim, e face ao orçamentado, as despesas com a JMJ ficaram 32,6% abaixo do previsto. Segundo o relatório, e tendo em conta que a Fundação JMJ iniciou 2023 com 4,391 milhões de euros, no final desse mesmo ano contava com um saldo positivo de 35, 374 milhões.
Além das contas da Fundação JMJ, foi também apresentado o estudo de impacto do evento. O trabalho, desenvolvido pelo ISEG – Lisbon School of Economics & Management, dá conta de um aumento, a curto prazo, da atividade económica em Portugal de pelo menos 370 milhões de euros, sobretudo no ano de 2023 e na região de Lisboa.
O estudo de avaliação concluiu, ainda, que, na sequência da JMJ, houve um aumento de mais de 10 mil postos de trabalho no terceiro semestre de 2023, e um aumento do investimento em infraestruturas e equipamento no valor de cerca de 48 milhões de euros. Segundo a mesma fonte, a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 contribuiu também para a redução da taxa de inflação, e para um crescimento do rendimento líquido das famílias em cerca de 216 milhões de euros.