24 jan, 2024 - 18:46 • Isabel Pacheco
O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e das Comunicações Sociais, D. Nuno Brás, defende um debate alargado sobre a criação de uma Ordem dos Jornalistas. Para bispo do Funchal essa seria uma oportunidade de os profissionais do setor definirem as suas próprias regras e limites.
“O jornalismo não pode estar dependente de interesses económicos, de tantos interesses políticos e de poderes mais ou menos ocultos”, começou por defender D. Nuno Brás, que falava esta quarta-feira na apresentação, em Viana do Castelo, da mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2024.
À semelhança do que acontece na medicina, em que “quem regula a atividade médica são os médicos”, D. Nuno Brás defendeu que devem ser os “jornalistas a regularem a sua atividade, independentemente, da empresa para onde trabalham”.
“Mas que sejam jornalistas a definir isto é jornalismo, aquilo não é jornalismo”, ressalvou.
Sobre a atual crise que o setor atravessa, referindo-se em concreto à situação que vivem os profissionais do grupo Global Media, D. Nuno Brás diz-se “muito preocupado”.
Para o responsável, a situação justifica que “os próprios jornalistas sejam capazes de dar um salto e de dizer 'o jornalismo ético somos nós e somos nós quem define os parâmetros, para quem quiser”.
Durante o encontro com os jornalistas, D. Nuno Brás apelou, ainda, à necessidade de uma “ecologia de informação” que permita distinguir o que é “informação e desinformação”.
“É importante que as pessoas saibam que estão a consumir um produto que não é jornalismo. E que quando estão a consumir jornalismo que digam que é fiável, que tem uma marca de qualidade. E essa marca só os jornalistas a podem dar”, defendeu.
O Papa Francisco divulgou, esta quarta-feira, a sua mensagem a propósito do Dia Mundial das Comunicações sociais centrada na Inteligência Artificial e em que apela uma comunicação mais humana.