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Abusos na Igreja

Escuteiros suspendem preventivamente um suspeito de abusos

24 mar, 2023 - 12:43 • Ângela Roque

Das sete situações comunicadas pela Comissão Independente ao Corpo Nacional de Escutas, apenas uma coincide com um caso do qual já havia registo, mas há outra em que o agressor já faleceu. Das restantes cinco, duas são relativas a um mesmo suspeito, que já não é escuteiro, um foi suspenso e está a ser investigado, mas ainda falta “identificar inequivocamente” dois outros alegados agressores, padres, em casos que remontam aos anos 60 e 70.

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O Corpo Nacional de Escutas (CNE) anunciou esta sexta-feira que suspendeu preventivamente um dos seus elementos, na sequência da divulgação do relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal.

Em comunicado, o CNE começa por sublinhar que colaborou sempre com a Comissão Independente, “reunindo e partilhando (...) toda a informação” sobre os 19 casos ocorridos em contexto escutista, e que constam dos seus arquivos. Mas, o relatório da Comissão Independente veio a revelar “sete situações que ainda não eram do nosso conhecimento”.

A organização representativa dos escuteiros católicos pediu mais informações, tendo reunido a semana passada com a Comissão Independente e com o Grupo de Investigação Histórica. O que apuraram permite avançar que das situações comunicadas pela CI, “uma delas coincide com um caso do qual já tínhamos registo e identificámos um caso em que o alegado agressor já faleceu”.

“Dos restantes 5 casos, dois parecem partilhar um alegado agressor comum que já não se encontra no ativo e um outro em que, fruto da colaboração direta de uma vítima que entrou em contacto com o CNE, foi decidido suspender preventivamente o alegado agressor; em ambas as situações está atualmente a decorrer o processo interno de averiguação, para decisão em sede de processo disciplinar e outras medidas consideradas pertinentes”, avança ainda.

Há ainda “dois casos, ocorridos em 1961 e 1978, nas dioceses de Lisboa e do Porto”, mas “os dados obtidos não permitem, para já, identificar inequivocamente os alegados agressores, continuando o CNE a desenvolver esforços para a sua identificação”. Nestes dois casos “embora os alegados agressores sejam padres com ligações ao escutismo, a informação obtida indicia que os abusos sexuais não ocorreram em contexto de atividade escutista, informação que acreditamos já constar nas listas entregues pela Comissão Independente a cada diocese”.

“O cuidado pelas vítimas do passado ou do presente será sempre a prioridade”, garante o Corpo Nacional de Escutas, que lembra que desde 2016 “mantém a sua estrutura de suporte ‘Escutismo: Movimento Seguro’, que inclui a linha de reporte (https://ems.escutismo.pt) inteiramente disponível para acolher o testemunho, quer pelas vítimas, quer por qualquer outra pessoa, que possa dar mais informações sobre estas ou outras situações”.

“Para além da formação a todos os voluntários e das campanhas de sensibilização para todas as crianças e jovens sobre estas problemáticas, o CNE oferece apoio a todas as vítimas, quer de abusos, bullying, dependências e outras situações que coloquem em risco a segurança das crianças e jovens”, reitera ainda o comunicado.

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