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Texto colocado na urna de Bento XVI lembra luta firme contra os abusos no seio da Igreja

05 jan, 2023 - 10:22 • Ângela Roque , Olímpia Mairos

Como teólogo, o Papa Emérito “deixou um valioso património de estudo e pesquisa sobre as verdades fundamentais da fé”, de que é exemplo a obra ‘Jesus de Nazaré’, publicada em três volumes.

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A história do pontificado de Bento XVI foi resumida num documento, denominado «Rogito», que foi introduzido na urna.

O texto, divulgado esta quinta-feira pelo Vaticano – colocado num cilindro metálico, junto ao corpo – enumera os principais momentos da sua vida e do seu caminho como Papa, assinalando que “a sua memória permanecerá no coração da Igreja e da humanidade inteira”.

O tema dos abusos no seio da Igreja é referido no documento, que sublinha que o Papa emérito “lutou com firmeza contra os crimes cometidos por representantes do clero contra menores e pessoas vulneráveis”, e que reclamou continuamente à Igreja “conversão”, “oração”, “penitência” e “purificação”.

O texto lembra também que “face ao relativismo e ao ateísmo prático”, em 2010 instituiu o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para o qual transferiu, em 2013, a “competência em matéria de Catequese”, e recorda que “promoveu com sucesso o diálogo com os anglicanos, os judeus e representantes de outras religiões”, assim como com os “sacerdotes da Comunidade de São Pio X”.

Como teólogo, o Papa Emérito “deixou um valioso património de estudo e pesquisa sobre as verdades fundamentais da fé”, de que é exemplo a obra ‘Jesus de Nazaré’.

“Bento XVI colocou no centro do seu pontificado o tema de Deus e da fé, na procura contínua da face do Senhor Jesus Cristo e ajudando todos a conhecê-lo, em particular mediante a publicação da obra ‘Jesus de Nazaré’, em três volumes”.

“Dotado de uma vasta e profunda consciência bíblica e teológica, teve a extraordinária capacidade de elaborar uma síntese iluminadora dos principais temas doutrinais e espirituais, assim como sobre as questões cruciais da vida da Igreja e da cultura contemporânea”, lê-se no documento.

O texto alude ao tempo da juventude de Joseph Ratzinger, afirmando que “não foi fácil”, destacando que “a fé e a educação da sua família prepararam-no para a dura experiência dos problemas associados ao regime nazi, conhecendo o clima de forte hostilidade para com a Igreja Católica na Alemanha. Nessa situação complexa, ele descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo”.

O documento refere que o magistério doutrinal de Bento XVI está sintetizado nas três encíclicas ‘Deus caritas est’ (25 de dezembro de 2005), ‘Spe salvi’ (30 de novembro de 2007) e ‘Caritas in veritate’ (29 de junho de 2009), nas quatro exortações apostólicas, nas várias constituições e cartas apostólicas, bem como nas catequeses propostas nas audiências gerais e outras intervenções, incluindo as proferidas nas 24 viagens apostólicas que realizou pelo mundo.

Em latim, transcreve integralmente a declaração com que o Papa renunciou ao pontificado na manhã de 11 de fevereiro de 2013, durante um consistório convocado para decisões ordinárias sobre três canonizações.

“Bento XVI foi o 265.° Papa. A sua memória permanece no coração da Igreja e de toda a humanidade”.

O documento assinala também o “pio trânsito de Sua Santidade Bento XVI, Papa emérito”.

“À luz de Cristo ressuscitado dos mortos, no dia 31 de dezembro do ano do Senhor 2022, às 09h34 da manhã, quando terminava o ano e estávamos prontos para cantar o Te Deum pelos múltiplos benefícios concedidos pelo Senhor, o amado Pastor emérito da Igreja, Bento XVI, passou deste mundo ao Pai. Toda a Igreja, junto com o Santo Padre Francisco, em oração, acompanhou o seu trânsito”, pode ler-se.

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