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D. Manuel Clemente lembra o "moderno" Bento XVI, mas não esquece guerra com “efeitos mundiais”

01 jan, 2023 - 14:42 • Diogo Camilo

Cardeal patriarca de Lisboa recordou episódio por altura da visita do Papa a Portugal, em 2010. Em missa no Dia Mundial da Paz, falou na guerra da Ucrânia que “está muito difícil de resolver”.

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O cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, lembrou Bento XVI como um “homem muito moderno”, numa missa em Dia Mundial da Paz em que não esqueceu a Guerra na Ucrânia e os seus “efeitos mundiais”.

"Foi um Papa que marcou muito e já tinha marcado como Cardeal. Era um homem muito moderno e isso foi apreciado dentro e fora da Igreja. A sua formação dava para isso, reservou muito tempo para aprofundar questões. Conseguiu uma linguagem clara desde que falava de temas doutrinais, a sua obra de introdução ao Cristianismo é marcante para a minha geração", disse, em Loures.

D. Manuel Clemente lembrou que a intelectualidade de Bento XVI era algo apreciado dentro da Igreja, recordando uma história por ocasião da visita a Portugal, em maio de 2010, quando era bispo do Porto.

“A certa altura, o Papa Bento XVI, com o desejo de se informar, pergunta: ‘Esta é a segunda cidade do país, não é?’ E eu disse: ‘Santo Padre, depende do sítio em que aterrar. Se aterrar aqui é a primeira", recorda.

Bento XVI, o Papa da fé e da razão
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D. Manuel Clemente falou ainda na “guerra que começou na outra ponta da Europa” e que “está muito difícil de resolver”, referindo que é necessário o interesse internacional para resolver o conflito.

“O que se está a passar nestes dias num país gelado, com temperaturas abaixo de zero, sem infraestruturas capazes porque foram destruídas, sem aquecimento… Eu nem imagino. Só quem lá está e as notícias que nos vão chegando é que nos podem dar alguma ideia”, disse.

O cardeal patriarca sublinha as palavras do Papa Francisco: "Ou nos comprometemos todos a resolver os problemas, que hoje são verdadeiramente globais, porque os vírus não têm fronteiras, nem as guerras. Ou resolvemos com um compromisso global sério, ou não se resolve".

Sobre os abusos na Igreja, um tema que marcou também o período do Papa Bento XVI, o cardeal patriarca de Lisboa sublinha que a Igreja quer "conhecer bem o problema para impedir que se suceda".

"Não tenho outra expectativa do que as informações que a comissão independente tem adiantado. Depois veremos o que se pode fazer com casos passados, alguns podem estar prescritos, outros podem ter dado uma volta positiva na vida, quer as vítimas como outros casos, de pessoas que corrigiram atitudes. Somos cristão, acreditamos no arrependimento e conversão. Veremos caso a caso", termina.

Segundo apurou a Renascença, o cardeal patriarca de Lisboa estará no funeral do Papa Emérito Bento XVI na próxima quinta-feira, dia 5 de janeiro.

A cerimónia do funeral do Papa será simples e sóbria, por determinação do próprio. A partir de segunda-feira, dia 2 de janeiro, a urna será exposta para a visita dos fiéis na Basílica de S. Pedro.

São esperadas cerca de 35 mil pessoas durante o velório do Papa Bento XVI e cerca de 60 mil no funeral, segundo estimativas do autarca da cidade.

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