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Papa Francisco

Assumir o "magistério da fragilidade" torna as sociedades "mais humanas e fraternas"

03 dez, 2022 - 21:11 • Agência Ecclesia

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é assinalado este sábado, desde 1992, por indicação das Nações Unidas, com o objetivo de promover uma maior compreensão da deficiência e fomentar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas.

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O Papa Francisco pediu este sábado no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência que se escute o “magistério da fragilidade” para que as sociedades possam ser “mais humanas e fraternas”.

“Trata-se de um verdadeiro magistério da fragilidade que, se fosse escutado, tornaria as nossas sociedades mais humanas e fraternas, induzindo cada um de nós a entender que a felicidade é pão que não se come sozinho. Quanto nos ajudaria a ter relações menos hostis com quem vive ao nosso lado a consciência de precisarmos um do outro! E quanto nos impeliria a buscar soluções para os conflitos insensatos, que estamos a viver, a constatação de que nem sequer os povos se salvam sozinhos”, escreveu o Papa na sua mensagem publicada hoje pela sala de Imprensa da Santa Sé.

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência é assinalado hoje, desde 1992, por indicação das Nações Unidas, com o objetivo de promover uma maior compreensão da deficiência e fomentar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas.

Francisco lembrou que a tarefa de “comunicar o Evangelho” não está “reservada a alguns”, mas trata-se de uma “exigência” dirigida a todos que tiverem “experimentado o encontro e a amizade com Jesus”.

“A confiança no Senhor, a experiência da sua ternura, o conforto da sua companhia não são privilégios reservados a poucos, nem prerrogativas de quem recebeu uma esmerada e longa formação. Pelo contrário, a sua misericórdia deixa-se conhecer e encontrar de modo muito particular por quem não confia em si mesmo e sente necessidade de se abandonar ao Senhor e partilhar com os irmãos”, convidou.

Francisco quis lembrar na sua mensagem o “sofrimento de homens e mulheres com deficiência que vivem em situação de guerra”.

“Hoje queremos recordar o sofrimento de todas as mulheres e de todos os homens com deficiência que vivem numa situação de guerra, ou de quantos carregam uma deficiência resultante de combates. Quantas pessoas – na Ucrânia e noutros cenários de guerra – permanecem encarceradas nos locais onde se combate, sem qualquer possibilidade de fugir? É preciso prestar-lhes uma especial atenção e facilitar, de todas as formas possíveis, o seu acesso à ajuda humanitária”, incentivou.

O Papa refletiu ainda na necessidade de o Sínodo dos bispos, em curso e atualmente na sua etapa continental, ser “finalmente” a ocasião para “se ouvir a voz e dar eco da participação” das pessoas com deficiência na Igreja.

“Se o Sínodo for verdadeiramente inclusivo, permitirá dissipar os preconceitos mais enraizados. Com efeito, são o encontro e a fraternidade que derrubam os muros de incompreensão e vencem a discriminação; por isso espero que cada comunidade cristã se abra à presença de irmãs e irmãos com deficiência, garantindo-lhes sempre acolhimento e plena inclusão”, sublinha.

Francisco recorda que “numerosas sínteses” fazem eco da “falta de estruturas e modalidades de acompanhamento apropriadas às pessoas com deficiência e apelam a novos modos para acolher o seu contributo e promover a sua participação”.

“A despeito dos seus próprios ensinamentos, a Igreja arrisca imitar o modo como a sociedade as põe de lado. As formas de discriminação enumeradas – a falta de escuta, a violação do direito de escolher onde e com quem viver, a negação dos Sacramentos, a acusação de bruxaria, os abusos – e outras descrevem a cultura do descarte no confronto das pessoas com deficiência. Essas [formas de discriminação] não nascem por acaso, mas têm em comum a mesma raiz: a ideia de que a vida das pessoas com deficiência valha menos que a das outras»”, recorda.

Com a experiência sinodal, Francisco convida a fazer o caminho do «nós e eles» para “mas um único nós com Jesus Cristo no centro, onde cada qual carrega os seus próprios dons e limites”.

“Esta consciência, fundada no facto de que todos fazemos parte da mesma humanidade vulnerável, assumida e santificada por Cristo, elimina qualquer distinção arbitrária e abre as portas à participação de cada um dos batizados na vida da Igreja”, indicou.

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