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1966-2022

Morreu D. Daniel Batalha Henriques, bispo auxiliar de Lisboa

04 nov, 2022 - 10:26 • Ângela Roque

Bispo auxiliar de Lisboa faleceu esta sexta-feira devido a doença oncológica. Tinha 56 anos. Encontrava-se internado há algum tempo em cuidados paliativos. Mensagem do Cardeal Patriarca, a 2 de novembro, deu conta do agravamento do seu estado de saúde.

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Morreu esta sexta-feira de madrugada D. Daniel Batalha Henriques. O bispo auxiliar de Lisboa, que estava internado em cuidados paliativos por doença oncológica, tinha 56 anos.

O corpo chega à Sé de Lisboa esta sexta-feira, pelas 18h00, e às 21h30, irá rezar-se a recitação do Terço, seguido do Ofício de Leitura.

A missa exequial acontece sábado, às 11h00, na Sé, presidida pelo Cardeal Patriarca. O cortejo fúnebre seguirá para Santo Isidoro e ficará na igreja paroquial até às 16h00, altura em que seguirá para o cemitério local, onde será sepultado.

No dia 2 de novembro, numa mensagem publicada no site do Patriarcado de Lisboa, D. Manuel Clemente tinha dado conta do agravamento do estado de saúde de D. Daniel Henriques.

“Venho comunicar a todos, aquilo de que muitos já têm conhecimento (….), vive numa unidade de cuidados paliativos o que poderá ser o último tempo da sua vida neste mundo", escreveu o Cardeal Patriarca, acrescentando que se encontrava “sereno e em paz".

"Vivamos com ele estes momentos, juntando a nossa oração à sua. Foi e continua a ser um pastor dedicado, zeloso e bom. Se for a hora da partida, leva-nos no seu coração, para junto de Deus", sublinhou ainda.

Reacções à morte

Ouvido pela Renascença o Cardeal Patriarca de Lisboa sublinha a forma como D. Daniel Henriques viveu a doença que o vitimou, e o exemplo que deixa. “Já estava doente há uns três anos, doença grave, mas quem não soubesse não daria por isso, tal era a paz com que ele vivia esses tempos e até os tratamentos que foi sempre fazendo", afirma D. Manuel Clemente, que destaca "o seu sentido de serviço e o gosto de estar com todos, o acompanhamento que fazia a padres e leigos, sem esquecer nenhum nem ninguém. Aliás, uma das últimas ações que realizou foram crismas na Alemanha para os nossos emigrantes".

"Morreu em paz. Estas duas últimas semanas de hospitalização foram também muito edificantes para quem ainda pôde contactar com ele, e só tenho que dar graças a Deus por o ter tido como colaborador, e com a certeza que continua a colaborar connosco”, refere ainda o Cardeal.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifesta “grande consternação” pela morte de D. Daniel Henriques.

Os bispos consideram, em comunicado, que “ao seu curto ministério episcopal de apenas quatro anos corresponde uma densa entrega ao serviço da Igreja em Portugal, no seio da Conferência Episcopal, particularmente como membro das comissões episcopais da Educação Cristã e Doutrina da Fé e da Pastoral Social e Mobilidade Humana”.

“Nesta [comissão] dedicou particular atenção a setores pastorais ligados às migrações e ao apostolado do mar. Mas foi sobretudo no Patriarcado de Lisboa que se mostrou sempre próximo de todos os fiéis, pastores e comunidades cristãs, numa contínua peregrinação que o conduziu agora à oblação plena na comunhão com Deus”, adianta a nota da Conferência Episcopal Portuguesa.

Também o reitor do Seminário dos Olivais, em Lisboa, sublinha à Renascença a forma como D. Daniel encarou a doença. “Viveu este tempo com grande serenidade. Algumas pessoas sentem muito a sua partida, sobretudo as paróquias por onde ele foi passando e onde deixou uma marca forte. Que nesta hora possamos todos saber que agora o temos de outro modo a interceder por nós”.

O padre José Miguel Barata Pereira lembra o trabalho de D. Daniel, que foi diretor espiritual do seminário do Olivais, embora se tivessem cruzado primeiro em Almada. "Começou por ser Prefeito do seminário de Almada, quando entrei como seminarista. Foi a primeira missão dele. Depois aqui, no seminário dos Olivais, houve uns anos em que foi diretor espiritual, dentro das suas disponibilidades de tempo, porque mantinha a missão de pároco em Algés, Miraflores e Cruz Quebrada". Mas sempre, garante, "com muita dedicação, amor e atenção àqueles que acompanhava, e ao seminário”.

No jornal ‘Badaladas’, em Torres Vedras, onde D. Daniel foi administrador e cronista, a notícia da sua morte foi recebida com consternação, confirma à Renascença o diretor, Joaquim Ribeiro. “Foi a última paróquia onde esteve antes de ser nomeado bispo, esteve aqui dois anos. Para além de ser pároco de Torres Vedras, uma vez que o jornal é propriedade da paróquia, era também administrador do jornal. E todas as semanas tinha uma crónica onde falava da atualidade religiosa”.

“Tivemos aqui contacto direto com ele, ainda o chamávamos cónego Daniel, ainda não era bispo. Claro que ao recebermos esta notícia ficamos tristes”, afirma aquele responsável que manifesta a solidariedade de todo o jornal para com a família.

“Ele era originário de uma freguesia próxima de Torres Vedras, do concelho vizinho de Mafra, e queremos endereçar as condolências à família e lamentar esta perda”.

Dados biográficos

D. Daniel Batalha Henriques nasceu em Santo Isidoro, Mafra, a 30 de março de 1966. Entrou no Seminário de Almada em 1982 e concluiu a sua formação no Seminário dos Olivais, em 1989. Foi ordenado sacerdote no ano seguinte pelo então Cardeal Patriarca D. António Ribeiro, no Mosteiro dos Jerónimos.

A sua primeira nomeação, ainda em 1990, foi para membro da equipa sacerdotal formadora do Seminário de São Paulo, em Almada. Era cónego do Cabido da Sé de Lisboa desde 2011, e foi diretor espiritual do Seminário de Cristo Rei dos Olivais e responsável pelo Serviço de Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa.

No seu percurso como sacerdote foi pároco da Ramada, Famões, Algés e Cruz Quebrada, e vigário em Loures, Oeiras e Torres Vedras, onde dirigiu as paróquias de São Pedro e São Tiago, Santa Maria e São Miguel. Quando foi ordenado bispo auxiliar de Lisboa, em novembro de 2018, D. Daniel Henriques tinha a seu cargo a paróquia de Nossa Senhora da Oliveira de Matacães.


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