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"Nem que seja com o agressor". Papa disponível para entrar num diálogo que ponha fim à guerra na Ucrânia

15 set, 2022 - 21:28 • André Rodrigues com Aura Miguel, enviada especial ao Cazaquistão

Na viagem de regresso a Roma, após três dias de visita ao Cazaquistão, Francisco admitiu que fornecer armas à Ucrânia é moralmente aceitável. Mas apenas para auto-defesa.

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O Papa Francisco diz-se disponível para dialogar com qualquer país em guerra, “mesmo que país seja com o agressor”.

Falando aos jornalistas sobre o conflito na Ucrânia, a bordo do avião papal onde regressou da viagem de três dias ao Cazaquistão, Francisco defendeu que, por mais difícil que seja, é fundamental “dar oportunidade de diálogo a todos, porque no diálogo há sempre a possibilidade de as coisas poderem mudar”.

“Às vezes, cheira mal, mas deve-se fazer”, rematou o Papa.

Após uma visita papal em que a paz, sobretudo na Ucrânia, esteve no centro da maior parte das intervenções, Francisco admitiu ser “moralmente aceitável” o fornecimento de armas a uma nação para que ela possa exercer o seu direito à legítima defesa.

“Esta é uma decisão política que pode ser moral, moralmente aceitável, mas que pode ser imoral se a fazem com a intenção provocar mais guerra ou de vender mais armas. A motivação é o que, em grande parte, qualifica a moralidade deste ato.

Defender-se, não só é lícito, mas é expressão de amor à pátria”, afirmou o Papa.

“Política em Itália? Não a percebo”

Do particular para um plano mais geral, Francisco fez considerações sobre a qualidade da política na Europa.

O ponto de partida foi uma pergunta sobre as eleições em Itália, marcadas para 25 de setembro, e o facto de as sondagens apontarem para uma vitória expressiva da coligação de centro-direita, liderada pelos ultranacionalistas de Giorgia Meloni.

“Política em Itália? Não a percebo: 20 governos em 29 anos é um pouco estranho, mas cada um dança o tango à sua maneira”.

Para o Papa, as lideranças europeias deviam “manter o nível da alta política, não a política de baixo nível que não ajuda nada e até derruba o Estado e empobrece-o”, respondeu o Papa que salientou que os políticos europeus deviam dar mais atenção a questões como a demografia, o desenvolvimento industrial e natural e os problemas dos migrantes”, disse.

Nicarágua. Expulsão de Núncio Apostólico e de missionárias é “um gesto que não se percebe”

Noutro plano, Francisco voltou a exprimir preocupação com a situação que se vive na Nicarágua.

Em causa está a expulsão do Núncio Apostólico e de 18 missionárias da ordem religiosa fundada por Madre Teresa de Calcutá que acabou por ser o culminar da tensão crescente entre a Igreja Católica e o governo daquele país da América Central.

“Um gesto que não se percebe”, afirma o Papa que, contudo, assegura que “há diálogo” com o executivo liderado por Daniel Ortega, “mas isso não significa que se aprove tudo o que o Governo faz”.

Francisco lembra que o diálogo resulta da “necessidade de resolver os problemas” e faz votos para “que as Irmãs das Madre Teresa de Calcutá regressem”.

“Estas mulheres são boas revolucionárias, não fazem guerra a ninguém”, lembrou.

Próximas viagens em preparação

No final da viagem entre Nursultan e Roma, o Papa confirmou a vontade de visitar o Sudão do Sul e a República Democrática do Congo e anunciou, ainda, que estão em curso os preparativos para uma viagem ao Bahrein, em novembro deste ano.

Comentários
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  • Ivo Pestana
    17 set, 2022 Funchal 12:50
    Como diz a Bíblia, "o inimigo vem para matar e roubar", logo é assim a Rússia. São avessos ao diálogo.
  • Digo
    16 set, 2022 Eu 13:17
    Negociar com um tipo (Putin) que tem como ideia de "negociação", o outro lado aceitar incondicionalmente e sem pestanejar tudo o que ele dita? Desejo a Vossa Eminência muito boa sorte e pastilhas para a Azia...
  • Digo
    16 set, 2022 Eu 13:17
    Negociar com um tipo (Putin) que tem como ideia de "negociação", o outro lado aceitar incondicionalmente e sem pestanejar tudo o que ele dita? Desejo a Vossa Eminência muito boa sorte e pastilhas para a Azia...

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