13 jul, 2022 - 23:44 • Liliana Carona
“Tem de haver música ambiente, para acolher os visitantes no nosso espaço”, aponta o padre António Gonçalves, enquanto ultima os pormenores da inauguração da ExpoEcclesia, na Guarda.
“Ora estamos aqui na cripta, nas fundações deste espaço e que se tocam na fundação da cidade da Guarda. A cripta é a parte inferior de uma igreja, subterrânea, estamos a uma profundidade de 4, 5 metros”, descreve o chanceler e moderador da Cúria diocesana.
Aos 65 anos de idade e com 37 de sacerdócio, “Tó Carlos”, assim é conhecido, vê o sonho concretizado de a Diocese da Guarda ter um espaço para expor o seu património, além de ter encontrado um destino para um edifício vazio e deteriorado. Algo que classifica como novo na diocese e na Beira.
“A cidade da Guarda e o interior são capazes de fazer tanto como quaisquer outros. A alma beirã, aquilo que somos, trabalhada como o granito. Não havia nenhum espaço assim. “ExpoEcclesia, assim se chama”, diz o sacerdote, comovido.
“Claro que este espaço já vem pelo menos do século XIV, que tinha como orago São Nicolau, e daqui ressurgiu a ampliação desta capela com a construção do seminário e do paço episcopal. Tem uma cripta, rés do chão e primeiro andar. Esta antiga capela de São Nicolau teve várias ampliações, uma em 1601, quando foi construído o antigo Seminário e em 1904, D. Manuel Vieira de Matos fez a conclusão da capela”, relembra o padre António Gonçalves sobre a história daquele espaço.
Frente a uma imagem da Senhora da Boa Morte, o padre António Gonçalves solicita que “poucas fotos sejam tiradas, de forma a preservar o espólio”, oriundo de 200 paróquias da diocese da Guarda.
Mais de 200 peças compõem a primeira exposição temporária: “Mulier, Mater, Magistra”, patente na capela do antigo seminário e Paço Episcopal da cidade da Guarda, e resultado de uma cooperação de mais de dois anos entre a diocese da Guarda e a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBS).
A primeira exposição temporária é dedicada à mulher. “Mulher, mãe e mestra. Todos nós nascemos de uma mulher, Eva significa mãe de todos os viventes, aqui começa com essa figura, o género feminino, peças alusivas a Nossa Senhora, peças de referência a Eva e às mulheres que estiveram especialmente junto de Jesus Cristo e dos apóstolos”, refere o padre António Gonçalves, salientando que o novo museu diocesano mostra ainda algumas relíquias da Santa Jacinta Marto. “Um lenço, um pedaço da azinheira onde Jacinta, Lúcia e Francisco tiveram a aparição”, observa.
Noutra sala, o convite é para uma experiência imersiva, multimédia, a 3 dimensões. “É transmitido um filme a duas, três dimensões, da história da diocese da Guarda, 800 anos contados em dez minutos com imagens, feixes de raios, figuras, movimentações”, partilha o sacerdote.
À saída da ExpoEcclesia, o visitante pode adquirir o “Roteiro das Beiras e Serra da Estrela – Pegadas de Fé”, com todas as coordenadas geográficas para visitar 37 monumentos classificados e traduzido para espanhol, inglês e francês.
O novo espaço museológico da diocese da Guarda tem entrada gratuita, porque “aquilo que tem como motivo o amor, não pode dar lugar a comércio, estar a pedir dinheiro, num espaço que é uma capela não é bem.”, conclui António Gonçalves, acrescentando que o espaço reúne condições para pessoas mobilidade reduzida, “com um elevador que percorre todo o edifício”.
O funcionamento será de quinta a segunda, das 10h00 até às 18h00 e aos domingos das 15h00 às 18h00.