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De igreja a basílica. Matriz de Torre de Moncorvo celebra elevação

13 jul, 2022 - 09:40 • Olímpia Mairos

Título reconhece a importância do templo religioso na ação pastoral, litúrgica e espiritual bem como o seu valor patrimonial e arquitetónico. Preside à celebração D. José Cordeiro, arcebispo de Braga.

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O arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, vai presidir, no dia 18, dia em que a Igreja celebra a memória litúrgica de S. Bartolomeu dos Mártires, à celebração solene da promulgação do título de Basílica Menor à igreja matriz de Torre de Moncorvo.

A atribuição do título foi concedida pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, no dia 12 de janeiro de 2022, e reconhece a importância do templo religioso na ação pastoral, litúrgica e espiritual bem como o seu valor patrimonial e arquitetónico.

A proposta de elevação a basílica foi lançada por D. José Cordeiro, na altura bispo da Diocese de Bragança-Miranda. Contou com a colaboração da Conferência Episcopal Portuguesa (que na Assembleia Plenária de junho de 2020 deu parecer positivo), do Conselho Presbiteral da Diocese de Bragança-Miranda, da Câmara de Torre de Moncorvo, da Direção Regional de Cultura do Norte, da Junta de Freguesia de Moncorvo, da Unidade Pastoral de São José e de muitas pessoas e instituições.

Inserida nas celebrações de elevação a basílica, a comunidade de Torre de Moncorvo vai fazer um tríduo de preparação com momentos de oração, seminário, apresentação de um livro, concerto, uma homenagem a D. José Cordeiro e uma exposição.

No 15 de julho, às 8h30, o padre Sérgio Pera, presidirá à eucaristia onde fará o anúncio público da concessão do título de basílica; no dia seguinte, às 18h00, haverá celebração penitencial.

Para domingo, 16 de julho, às 16h30, está previsto um seminário com apresentação histórica da igreja e do novo espaço litúrgico, seguindo-se o lançamento do livro “A Basílica Menor de Torre de Moncorvo. De Igreja-matriz de N. Sra. da Assunção a Basílica Menor e uma eucaristia, às 18h00, com bênção solene com a relíquia de S. Bartolomeu dos Mártires. À noite, pelas 21h00, haverá um concerto litúrgico pela Orquestra da Sociedade Musical de Santa Cecília.

No dia 18 de julho, às 15h00, o município de Torre de Moncorvo atribui a “Chave de honra da Villa” a D. José Cordeiro. Uma hora mais tarde inaugura-se a exposição “Basílica Menor de Nossa Senhora da Assunção de Torre de Moncorvo – o pilar uma terra”, e às 17h30 é celebrada a missa, presidida pelo arcebispo de Braga.

“Basílica” é o título concedido pela Santa Sé a algumas igrejas pela sua antiguidade ou por serem centros de peregrinações.

Há “Basílicas Maiores” e “Basílicas Menores”, de que são exemplo, em Portugal, a dos Mártires, em Lisboa, a Real, de Castro Verde, a de Santo Cristo de Outeiro, em Bragança, a de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e a da Santíssima Trindade, em Fátima.

Igreja quinhentista. Monumento Nacional

A construção da Igreja Matriz, situada no Largo General Claudino, em pleno centro histórico da vila de Torre de Moncorvo, teve início na primeira metade do séc. XVI, prolongando-se até aos primeiros anos do século seguinte.

Na fachada principal destaca-se a torre saliente que transmite um acentuado sentido de elegância ao edifício e um pórtico de estilo renascença. Possui lateralmente dois corpos salientes: a sacristia, a norte, e um alpendre junto ao pórtico sul.

De destacar ainda o conjunto de esculturas, nomeadamente os anjos que coroam o topo da igreja sobre o altar-mor, bem como as gárgulas que se encontram ao nível da cornija.

O interior do templo encontra-se organizado segundo o esquema das “igrejas-salão” com três naves, sendo os cinco tramos destas abobadados à mesma altura. A capela-mor de forma retangular é destacada do corpo principal: possui um retábulo barroco de talha dourada dos meados do séc. XVIII; nas paredes laterais da mesma encontram-se frescos representando a anunciação e a última ceia. A Capela-mor é ladeada por dois absidíolos em semicírculo: a capela do Santíssimo Sacramento e a capela das Chagas.

A capela do Santíssimo Sacramento apresenta um retábulo com vários painéis alusivos à vida e paixão de Cristo, bem como esculturas dos evangelistas e doutores da Igreja. É de realçar o tríptico flamengo alusivo à sagrada parentela de Santa Ana, bem como o gradeamento em ferro forjado. Na capela das Chagas encontra-se uma composição de altares provenientes da igreja do antigo convento de S. Francisco.

No batistério é de realçar o Santo Cristo, S. João Evangelista e Maria Madalena, de aspeto flamengo.

A sacristia é abobadada com nervuras de traça manuelina. O altar é datado ao séc. XVII.

A Igreja possui ainda um valioso órgão, localizado no coro, do séc. XVIII, bem como um numeroso património móvel, cujas peças mais relevantes se encontram em exposição no Museu de Arte Sacra de Torre de Moncorvo.

A igreja é um dos imóveis com maior valor arquitetónico do distrito de Bragança, considerado mesmo Monumento Nacional, desde 16 de junho de 1910. É propriedade do Estado e encontra-se afeta, para efeitos de gestão e abertura ao público, à Direção Regional de Cultura do Norte. O templo tem culto regular e pode ser visitado de terça-feira a domingo.

Recentemente recebeu uma intervenção de conservação e restauro das pinturas murais da capela-mor que, segundo a DRCN, “evidenciava o resultado do mau estado de conservação do edifício, particularmente as pinturas sobre reboco dos alçados da capela-mor que apresentavam extensas áreas de lacunas, degradação que resultou sobretudo de infiltrações de águas pluviais”.

As obras tiveram início em novembro de 2021, como parte da operação “Igreja Matriz de Torre de Moncorvo”, com orçamento global de 204. 900 euros e cofinanciada pelo Programa Operacional Norte 2020.

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