03 jun, 2022 - 22:27 • André Rodrigues , Vítor Mesquita , José Carlos Silva
O corpo do cónego João Seabra, sacerdote falecido na sexta-feira, vai estar em câmara ardente a partir da tarde deste sábado, no Colégio de São Tomás, na Quinta das Conchas, em Lisboa.
De acordo com fonte do Patriarcado de Lisboa, a missa exequial está marcada para segunda-feira, dia 6, às 10h00, na Sé Patriarcal, e será presidida pelo cardeal patriarca, D. Manuel Clemente.
O corpo seguirá depois para o cemitério de Valada do Ribatejo
O cónego João Seabra, figura marcante da Igreja de Lisboa, tinha 72 anos. Nasceu em Lisboa, a 14 de setembro de 1949, licenciou-se pela Faculdade de Direito de Lisboa e entrou para o Seminário dos Olivais em 1973. Fez a licenciatura em Teologia, na Universidade Católica Portuguesa, e a licenciatura em Direito Canónico, na Universidade de Salamanca.
Foi ordenado sacerdote a 5 de novembro de 1978, pelo cardeal D. António Ribeiro, e celebrou Missa Nova no dia 12 de novembro desse ano, na Igreja de Santa Isabel, a sua paróquia.
Doutor em Direito Canónico pela Pontifícia Universidade Urbaniana, foi cónego da Sé Patriarcal de Lisboa e diretor do Instituto Superior de Direito Canónico, da UCP, onde foi capelão.
Foi, ainda, pároco em Santos-o-Velho e na igreja de Nossa Senhora da Encarnação, no Chiado, e defensor do vínculo do Patriarcado, assistente nacional do movimento Comunhão e Libertação e acompanhou as Equipas de Casais e de Jovens de Nossa Senhora.
Foi fundador e presidente da associação educativa que possuiu o Colégio de São Tomás, em Lisboa, e o Colégio São José do Ramalhão, em Sintra.
“Padre João Seabra à Sua maneira” é o nome do livr(...)
Numa primeira reação, José Luís Ramos Pinheiro, membro do Conselho de Gerência da Grupo Renascença Multimédia, coautor do livro “Padre João Seabra à Sua maneira”, lembra a coragem e a frontalidade de alguém que "não fugia aos temas quentes da sociedade, sempre deu a cara".
"Ele dava-se por inteiro, com todas as suas qualidades e com todos os defeitos que também reconhecia ter. No padre João Seabra, a inteligência fascinante andava de mãos dadas com uma enorme espiritualidade. Ele falava de Deus como ninguém, falava de Deus com a paixão dos santos", acrescenta.
Ramos Pinheiro considera, ainda, que o cónego João Seabra fará muita falta aos amigos e à Igreja. Deixa, contudo, um legado importante onde se incluem "alguns livros significativos, designadamente sobre as relações Estado-Igreja-República, as suas homilias podem ser ouvidas em várias plataformas".
Já para Raquel Abecesis, antiga jornalista, João Seabra era "uma pessoa de caráter forte e de personalidade forte e, portanto, conquistou muitas pessoas, porque as aproximou de Deus, mas também criou algumas tensões com pessoas que não se davam muito bem com o caráter dele”.
Dando o seu próprio exemplo, a também co-autora de "Padre João Seabra à Sua Maneira" recorda como ele “foi também responsável pela minha conversão na idade adulta e é uma pessoa a quem eu devo muito. É um segundo pai no céu que eu tenho a partir de hoje”.
Cónego da Sé Patriarcal de Lisboa, João Seabra foi agraciado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em janeiro de 2019, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 2017 recebeu o prémio “Fé e Liberdade”, concedido pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.
Convidado, na altura, para o programa ‘Aura Miguel Convida’, o Cónego João Seabra disse receber a distinção “com humildade”.
“Sou um padre prático, sempre fui. O que eu fiz foi acompanhar leigos, entusiasmá-los a viver de acordo com o seu testemunho de fé e o que se gerou à minha roda não fui eu que gerei, regra geral foi feito pelos outros”, disse.
[notícia atualizada às 8h15 de 4 de junho, sábado, com informação sobre cerimónias fúnebres]