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Renascença na Ucrânia

Católicos ucranianos esperam "Páscoa celebrada em paz"

07 mar, 2022 - 01:09 • José Pedro Frazão , enviado especial da Renascença à Ucrânia

Os católicos de Lviv, na Ucrânia, acreditam que as preces ajudam à paz e a defender a nação ucraniana. Este Domingo, ao longo de todo o dia, quer no rito romano quer no greco-católico, foi tempo de oração nas igrejas da maior cidade da Ucrânia Ocidental.

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O primeiro Domingo da Quaresma foi atarefado para o Padre Nazar. Muitas celebrações encadeadas por confissões já agendadas quase não davam tempo para receber a reportagem da Renascença na sacristia da Igreja de Santa Ana, no centro de Lviv. A esta caminhada para a Páscoa, junta-se o ritual da bênção das crianças a quem, por tradição no primeiro Domingo do mês, se pede especial proteção de Deus naquela paróquia. No sermão, o Padre Nazar assinala a necessidade do perdão, enquanto as orações incluem a proteção dos soldados nas frentes de combate.

É um dia particularmente sensível na guerra, com a divulgação de imagens de uma criança de 18 meses atingida no cerco a Mariopol. A súplica invocada neste Domingo inclui " as preces das Mães" que servem no contexto presente para pedir proteger os filhos e filhas na guerra. Não é por acaso que, do lado de fora, estão os cartazes de peregrinações onde Fátima surge com um dos principais destinos.

"Tentamos acalmar as pessoas, trazer a paz aos seus corações, para que não se preocupem porque Deus irá protegê-las", explica o Padre Nazar num inglês bastante razoável. Questionado sobre apelos à paz em simultâneo com o apoio a soldados, o sacerdote acentua a necessidade dos militares se defenderem das ameaças, "Quando lutamos com agonia não é bom. Temos que nos proteger e defender. Repare que quando os nossos soldados capturam os adversários, não os matam e até os alimentam. Pedimos e rezamos pelas pessoas para que tenham cuidado", acentua o padre da Igreja de Santa Ana.

Paz e Cruz

Dali a poucos minutos, começará mais uma celebração noutro ponto de LVIV com ligações a Portugal. A Igreja de Santo António está relativamente composta para acolher os católicos de rito romano numa das várias missas deste Domingo.

Os sacerdotes vão alternando os idiomas e segue-se agora a missa em polaco, depois e antes de nova eucaristia em ucraniano. Nascido em Wroclaw, na Polónia, o Padre Slavik diz-nos na sua língua materna que à Igreja pede-se sobretudo oração neste momento em que os ucranianos resistem à ofensiva russa.

"Sentimos que esta tem sido uma prece bem-sucedida. Muitas coisas são possíveis com a força da oração. Recebemos mensagens de soldados que nos falam num poder superior", explica este padre franciscano que também lembra quão importante é também a ajuda financeira.

O Padre Slavik insiste que a igreja será um lugar de paz em tempo de guerra, preparada para tudo, até acolher vizinhos que precisem de abrigo para as antiaéreas. Nos habituais avisos da paróquia, os franciscanos informaram que se o recolher obrigatório fosse antecipado para as 8 da noite, a missa das 7 já não aconteceria.

Neste primeiro Domingo da Quaresma, começa também o Ano da Cruz, decretado pela Igreja Católica Romana na Ucrânia. A irmã Laura, que acompanha a tradução, diz que a Cruz " como símbolo de esperança e vitória e não apenas de sofrimento" chegou simbolicamente no dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia.

É difícil que a solução para o conflito não se prolongue até à Páscoa, reconhece o Padre Slavik. "Vivemos de dia para dia. Mas temos grande esperança que Pascoa seja celebrada em paz", confessa o sacerdote polaco que celebra na paróquia com nome de santo português.

"É uma grande alegria que Lisboa tenha dado um grande santo. Os santos unem as pessoas", remata o Padre franciscano da Igreja de Santo António.

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