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Guerra na Ucrânia

“Uma articulação virtuosa”. Misericórdias avaliam capacidade de acolhimento de refugiados ucranianos

05 mar, 2022 - 07:40 • Henrique Cunha

Presidente da União das Misericórdias Portuguesas afirma que a ideia é promover um acolhimento duradouro. Manuel Lemos apela à resposta das Misericórdias que reúnam condições de integração em posto de trabalho e habitação temporária.

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A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) quer saber as necessidades de mão de obra e a capacidade das misericórdias para disponibilizar habitação a quem chega da guerra na Ucrânia.

Em entrevista à Renascença, o presidente da UMP, Manuel Lemos, revela que a ideia é verificar as condições de integração em postos de trabalho e habitação e afirma que “pode haver aqui uma articulação virtuosa, não interesseira, mas virtuosa no sentido de que possamos promover a inserção, a coesão, a dignidade da pessoa humana e de resolver problemas das pessoas".

"Dos que já cá estão e dos que chegam", salienta.

Manuel Lemos afirma que a ideia é promover um acolhimento duradoiro: "O nosso objetivo não é propriamente acolher transitoriamente, porque isso vai acontecer nos países mais limítrofes da Ucrânia, mas aquelas que pretendem fugir da guerra e gostavam de vir para outro país com alguma garantia de emprego e de inserção."

Por outro lado, Manuel Lemos refere "que todo o sector social se debate com a falta de recursos humanos". O responsável lembra, em particular, a realidade do interior do país, para insistir na tese de que podemos estar perante uma solução virtuosa.

"Tudo isso pode ser virtuoso, porque nos territórios do interior todo o sector social e, em geral, as autarquias debatem-se com uma generalizada falta de recursos humanos, e muitos desses recursos humanos necessários são mulheres”, sublinha.

“Portanto, a circunstância de chegarem cá e ter no outro dia uma casa para se instalarem, e um lugar para ir trabalhar e outro lugar para deixar os filhos, penso que pode ser muito virtuoso”, reforça.

A tudo isto, o responsável acrescenta que “os homens, quando vierem, têm a restauração, a hotelaria, a construção civil e a agricultura, que são área também muito depauperadas em termos de recursos humanos”.

Manuel Lemos diz que, por norma "os ucranianos que vem para Portugal vem para se fixarem" e adianta que, se forem criadas as condições necessárias de acolhimento, podemos "promover a coesão, a inserção e a dignidade da pessoa humana".

O presidente da União das Misericórdias reforça a ideia da falta de recursos humanos no setor e revela que o assunto é tema recorrente nas reuniões com o Governo: "Se eu ficar calado, alguém vai falar sobre isso."

Neste contexto, a UMP apela à resposta das Misericórdias que reúnam condições de integração em posto de trabalho e habitação temporária para os cidadãos ucranianos que foram forçados a deixar o seu país, na sequência da invasão russa.

Através de uma circular, a UMP solicita às suas parceiras o preenchimento de um inquérito com a necessária informação sobre necessidades de mão de obra e disponibilidades de acolhimento. Um processo que, de acordo com Manuel Lemos, “não tem data para terminar”, porque “infelizmente, não é provável que a guerra termine em breve”.

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