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Igreja ucraniana acolhe e apoia os que fogem da guerra

28 fev, 2022 - 11:59 • Olímpia Mairos

Com o agudizar do conflito, muitos ucranianos procuram ajuda e abrigo nas paróquias.

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A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) dá conta de um clima de incerteza e de medo entre os ucranianos que enfrentam desde a madrugada de quinta-feira a invasão russa.

A Igreja no país permanece de portas abertas para acolher os que fogem da guerra e são muitas as pessoas que encontram ajuda e abrigo junto das paróquias.

Nos arredores de Kiev, por exemplo, uma paróquia criou instalações de emergência na cave do mosteiro e na inacabada igreja do mosteiro.

O padre Pauline Roman Laba, contou à AIS que neste momento, “temos cerca de 80 pessoas connosco, incluindo membros da paróquia e pessoas de edifícios circundantes”.

A partir de Bowary, um subúrbio de Kiev, o sacerdote apelou à oração pela Ucrânia.

“Por favor, rezem pela Ucrânia”, pediu em mensagem enviada para a fundação pontifícia.

Já a diretora de Projetos da Fundação AIS, que tem estado em contacto permanente com responsáveis da Igreja local, destaca a decisão tomada pelos “principais bispos do país” para que ninguém abandone a Ucrânia.

“Esta é uma decisão difícil, sobretudo para os sacerdotes da Igreja Católica Grega, muitos dos quais são casados. Eles têm medo não tanto pelas suas próprias vidas como pela segurança dos seus filhos e famílias, explica Magda Kaczmarek.

A responsável acrescenta que nos últimos dias alguns bispos, sacerdotes e religiosas tiveram de passar as noites em “bunkers”, e partilharam com a AIS relatos de tiroteios e explosões.

“Não é claro [perceber] qual o alvo que vai ser atacado a seguir”, diz, recordando o sentimento de incerteza que escutou com frequência do outro lado da linha telefónica.

“Vamos ficar e ajudar as pessoas a sobreviver a esta situação”

A responsável indica que, por exemplo, o padre Pauline Laba testemunhou um ataque de misseis à cidade de Kiev às cinco horas da manhã de quinta-feira, dia 24, que causou a morte a sete pessoas e ferimentos em quase duas dezenas.

A violência dos ataques e a força utilizada pelo exército russo levou muitas pessoas a procurarem apoio também ao nível espiritual.

“Algumas pessoas vieram até nós para se confessarem pela primeira vez na vida. Pessoas mais velhas e doentes pedem-nos para irmos ter com elas para as ouvirmos em confissão. Querem estar prontas para a morte…”, contou o sacerdote à AIS.

Também o irmão Vasyl, que vive numa aldeia perto de Mariupol, a apenas 60 quilómetros da fronteira com a Rússia, relatou à fundação pontifícia que se tem desdobrado no acompanhamento espiritual e no apoio aos que se encontram numa situação mais fragilizada, nomeadamente procurando auxiliar a evacuação de crianças.

Vasyl disse à Fundação AIS que, por ali, ninguém teve “tempo para ter medo”, e reafirmou o propósito já anunciado de que a Igreja ficará ao lado do povo independentemente das condições.

“Vamos ficar e ajudar as pessoas a sobreviver a esta situação”, assegurou o religioso.

A diretora de Projetos da Fundação AIS dá conta de outros contactos, nomeadamente com D. Jan Sobilo, bispo de Saporischschja, uma diocese situada no leste do país. Originário da Polónia, o prelado reafirmou também o propósito de permanecer ao lado do povo, recusando ir para algum lugar eventualmente mais seguro.

Em resposta “à crise humanitária, aos apelos da Igreja ucraniana e às necessidades que se colocam às comunidades cristãs”, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) decidiu avançar com uma ajuda de emergência de um milhão de euros para apoiar o trabalho da Igreja.

Em comunicado, o presidente executivo da fundação pontifícia, Thomas Heine-Geldern, informou que a AIS “compromete-se a apoiar com uma ajuda de emergência os 4.879 padres e religiosos e 1.350 religiosas na Ucrânia, para lhes permitir continuar com as suas atividades, nomeadamente ao nível pastoral”.

Além disso, a fundação pontifícia prestará “ajuda de emergência às quatro dioceses greco-católicos e às duas dioceses latinas na Ucrânia Oriental”.

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