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Moçambique

​“É bom ver que fizemos a diferença”. ONGD portuguesas reconstroem escola destruída pelo ciclone Idai

31 jan, 2022 - 16:29 • Ângela Roque

Responsáveis do projeto ‘Somos Moçambique’ satisfeitos com a reconstrução de uma das escolas que o ciclone Idai destruiu, em março de 2019. Parte do edifício foi feito de raiz, e já com capacidade para resistir a ventos de 100 km/hora.

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A Escola Primária Completa da Manga Mascarenhas, na cidade da Beira, foi um dos muitos edifícios destruídos pela passagem do ciclone Idai por Moçambique, em março de 2019, mas a sua reconstrução começou logo a ser pensada nessa altura por três ONGD portuguesas que se juntaram e criaram o projeto ‘Somos Moçambique’: a Fundação Fé e Cooperação (FEC), a Fundação Gonçalo da Silveira (FGS) e a VIDA.

Com o apoio do Instituto Camões, e de vários doadores em Portugal, estas organizações não-governamentais para o desenvolvimento conseguiram reunir fundos que permitiram reerguer a escola, que foi inaugurada esta segunda-feira.

“Hoje foi a abertura oficial do ano letivo e os responsáveis da educação da Beira escolheram esta escola para fazer a cerimónia”, explica à Renascença Marta Monteiro, coordenadora do projeto, que não esconde a satisfação com o resultado final: a escola, que tem 1.282 alunos inscritos, foi construída para resistir a chuva e vento fortes.

“Avaliadas as estruturas que existiam, preferimos apostar numa reconstrução resiliente, por isso parte da escola foi feita de raiz, seguindo os modelos do Ministério da Educação de Moçambique, para resistir a ventos com mais de 100 km/hora”, avança aquela responsável.

Também o diretor executivo da FEC - uma das ONGD parceiras do projeto ‘Somos Moçambique’ - sublinha a importância da aposta que fizeram na segurança. “Ainda há um ano, estava esta escola em construção, e veio outro ciclone, o Eloise, que embora mais leve levou outras escolas que já tinham sido construídas no pós Idai, mas não com esta preocupação. É bom fazer as coisas bem, porque duram mais”, sublinha Manuel Martins, que gostava de replicar o fizeram na EPC de Manga Mascarenhas, porque “há outras escolas nos bairros vizinhos que também precisam de intervenção. Têm lonas por cima, que voam quando há chuvas ou quando há ventos”.

O responsável da FEC, que hoje participou na cerimónia de inauguração, não esconde a emoção que sentiu. “Estes miúdos estão há quase três anos sem escola. Ouvi-los dizer ‘vamos deixar de ser nómadas, temos uma escola tão bonita, estamos tão contentes’, é o que nos move no mundo da cooperação. Saber que fizemos a diferença”, diz à Renascença.

O projeto de reconstrução da Escola Primária Completa da Manga Mascarenhas custou cerca de 178 mil euros, incluindo o mobiliário escolar e outras obras à volta da escola, nomeadamente quatro tanques para aproveitamento da água das chuvas e a elevação do piso do recreio para drenagem da água pluvial. Foi também construído “um muro de vedação”, importante “para dar segurança aos miúdos”, e casas de banho. “Há uma casa de banho para meninos, outra para meninas, uma para professores, outra para professoras. Há aqui alguns fatores que são claramente distintivos desta escola em relação a outras”, sublinha Manuel Martins.

Para além da reconstrução da escola, o projeto ‘Somos Moçambique’ assegura a formação de professores do ensino básico num total de 10 escolas primárias e de monitores de cinco jardins de infância da cidade da Beira. Trabalha, também, na promoção da saúde e na capacitação, a vários níveis, das famílias do bairro Manga Mascarenhas, abrangendo um total de mais de 41.600 pessoas.

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