11 jan, 2022 - 10:12 • Isabel Pacheco
D. Manuel Linda defende que “está na altura” de se discutir sobre o património religioso que permanece nas mãos do Estado. Para o bispo do Porto “não faz sentido” que continue com a gestão de espaços de culto mais de um século depois.
“Passados 110 anos após o Estado ter ficado com alguns monumentos...será que ainda tem razão para continuar a ter à sua guarda um património religioso que comprovadamente não sabe defender como a Igreja?” questiona D. Manuel Linda, defendendo que “o que importa é lançar o diálogo” sobre a questão.
"O Estado não abrirá mão assim sem mais nem menos. Mas, de qualquer maneira,
temos de falar”, defende.
O prelado da Diocese do Porto falava à Renascença à margem da reabertura da Igreja do Convento de S. Gonçalo, em Amarante, após obras de restauro. Um dos muitos espaços religiosos que são património do Estado.
“Não sei se faz sentido que uma Igreja como esta [de São Gonçalo] seja património do Estado. Mas, então, o Estado tem património chamado Igrejas? Mas o Estado é laico. Não precisa de ter isto”, atira D. Manuel Linda.
Com a extinção das Ordens Religiosas em 1834, decorrente do liberalismo, e mais tarde, com a Primeira República um conjunto de património religioso da Igreja Católica passou para a gestão do Estado Português. Património que a Igreja Católica nunca chegou a reaver na sua totalidade.