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D. Manuel Linda quer exame de consciência de leigos e pastores no início do Sínodo

17 out, 2021 - 20:43 • Ecclesia

Sobre a palavra «comunhão», D. Manuel Linda questionou se “os pastores têm cheiro a ovelha”, mas também se os “leigos conhecem os seus pastores e exprimem simpatia”: “Relacionam-se mutuamente em clima de fraternidade ou ainda se vive uma «luta de classes» já morta e enterrada noutros domínios”, indagou o bispo do Porto.

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D. Manuel Linda pediu este domingo aos diocesanos do Porto um exame de consciência que procure de forma individual aferir a sua adesão à Igreja, na forma de “comunhão, participação e missão”, proposta pelo Sínodo dos bispos.

“Desejo ardentemente que a nossa Diocese do Porto se situe dentro desta moldura geral, de comunhão, participação, missão, e nunca a perca de vista. E que a leve até às últimas consequências. Para ser mais Diocese. Para ser mais Igreja. Interroguemo-nos, pois”, indagou o bispo do Porto na celebração na Sé, dando início à fase diocesana do Sínodo dos Bispos.

Sobre a palavra «comunhão», D. Manuel Linda questionou se “os pastores têm cheiro a ovelha”, mas também se os “leigos conhecem os seus pastores e exprimem simpatia”: “Relacionam-se mutuamente em clima de fraternidade ou ainda se vive uma «luta de classes» já morta e enterrada noutros domínios”, indagou o bispo do Porto.

Quis saber o responsável se as redes sociais são uma forma de “fomentar o clericalismo e o anticlericalismo” ou ajudam a “solidificar o sentido de “pertença”, bem como que caminho é feito para a “integração dos afastados”.

Sobre a «participação», questionou D. Manuel Linda se todos os cristãos participam “na pastoral e vida da Igreja”, sentindo-se responsáveis e se ajudam na constituição de uma “Igreja de diálogo recíproco ou unidirecional de comando/obediência”.

No campo da «missão», diz saber o responsável diocesano se os “dramas e êxitos da Igreja” são tomados pessoalmente, se “aflige a Igreja perseguida e martirizada”, se o “crescimento da Igreja em qualidade e quantidade” é uma preocupação.

“Que contributo damos para minimizar esse sofrimento? Assumimos ou não a necessidade de uma conversão pastoral em chave missionária e ecuménica? Formamos ou não a fé para podermos intentar um diálogo cultural com setores que, quase sempre, agridem a Igreja por ignorância religiosa ou desconhecimento básico? Falamos da fé, mormente a nível da família, da paróquia e organismos eclesiais? «Damos a cara» pela Igreja?”, indagou D. Manuel Linda.

O bispo do Porto esclareceu que o processo sinodal, que agora tem início na sua fase diocesana, “não é igual à organização de um simpósio cultural ou a uma qualquer análise sociológica sobre as propostas das maiorias e das minorias”, mas antes um “profundo exame de consciência, perante o Senhor e perante os irmãos na fé, realizado em contexto de oração, adoração e fervor”.

“É isto mesmo que eu peço a todos e a cada um, particularmente no vosso contexto paroquial, familiar e de inserção no mundo. Mas de uma forma especial, à Comissão diocesana que agora «emposso» e a quem peço muito e muito trabalho para animar a todos e profundo discernimento para nos ajudar a inserir no espírito do Sínodo, particularmente nesta fase de consulta”, explicou.

D. Manuel Linda sublinhou que em causa está a mesma pergunta que São João XXIII dirigiu na convocação do Concílio Vaticano II: “Igreja, que dizes de ti mesma?”

“Porém, a nossa vertente intelectualista levou-nos a «estudá-lo» como objeto fora de nós, a apreciá-lo e a criticá-lo, mas não a implicar nele as nossas atitudes. O problema não está, portanto, no Concílio, mas na sua receção: desde os idealistas que outra coisa dele não conhecem que não seja a ideia vaga de que «mudou tudo na Igreja», até aos integristas que fincam os pés à parede e o recusam liminarmente”, indicou.

O responsável afirmou que o Sínodo quer “estudar critérios e atitudes” do funcionamento da Igreja, tendo no horizonte a importância de “superar a dimensão piramidal, expressa em conceitos de superioridade/inferioridade ou de responsabilidade/desinteresse, e passar à lógica da necessidade recíproca e da igual dignidade de todos os que constituem o povo de Deus”.

As dioceses portuguesas assinalam, a partir deste domingo, a fase inicial de consulta e mobilização das comunidades católicas no processo sinodal convocado pelo Papa, que decorre até 2023.

A auscultação das Igrejas locais é uma etapa inédita, desenhada pelo Papa Francisco, que pediu a cada bispo que replicasse a celebração de abertura que decorreu no Vaticano, a 9 e 10 de outubro, com uma cerimónia diocesana.

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