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Terra Santa

Sem turismo, sem perspetivas, cristãos desesperam em Belém

10 out, 2021 - 08:18 • Filipe d'Avillez

“Já não se aguenta”, diz Nicolas Ghobar, um cristão palestiniano. Para tentar ajudar a comunidade este guia turístico está a vender artesanato feito “na terra de Jesus”.

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Os cristãos de Belém, na Palestina, estão desesperados depois de 19 meses sem turismo, a principal fonte de rendimento daquela região.

Em conversa com a Renascença Nicolas Ghobar, um guia turístico que costuma acompanhar grupos de língua portuguesa e vinha todos os anos pelo Natal a Portugal para vender peças de artesanato feitas por cristãos de Belém, diz que a situação “já não se aguenta”.

Belém vive do turismo, assim como Portugal tem Fátima, que vive do turismo, com vendedores e lojas, Belém vive do turismo. Temos motoristas, guias, artesãos, temos lojas, hotéis, tudo o que tem a ver com o turismo. O turismo é uma fonte de vida na cidade de Belém.”

“Com a situação da Covid e com os conflitos, Belém ficou como um peixe fora de água. Fecharam as fronteiras, os turistas não podem entrar, não temos ajuda, liberdade, trabalho. A situação dos impostos e das contas da luz, da água, ninguém perdoa. Então ficámos numa situação muito difícil. Não dá nem para receber ajudas nem para trabalhar e estamos sem conseguir fazer nada”, lamenta Nicolas.

Este cristão, católico, fala mesmo numa situação de desespero e dá o exemplo da sua própria família. “As pessoas estão desesperadas, não sabem como arranjar comida, pagar impostos, trabalhar. Muitas famílias tiveram de tirar os filhos das escolas porque não têm como pagar. O mesmo com as universidades. Por exemplo, na minha família somos seis pessoas, nenhum de nós está a trabalhar. Não recebemos um euro de ninguém.”

Para agravar a situação, a fronteira com Israel está encerrada e por isso também não é possível beneficiar das muitas oportunidades de trabalho que existem lá.

Numa tentativa de fazer face à situação, Nicolas Ghobar tentou juntar os vários artesãos de Belém e contactou os seus amigos portugueses no sentido de tentar vender alguns produtos pelo correio.

“Tentei contactar as pessoas que conheço, para ver se querem comprar artesanato, de forma que as pessoas sentem que estão a trabalhar e possam ter esperança ainda. É uma ideia, mas outros são empregados de hotéis, de restaurantes, vendedores de rua, motoristas, eles que vão fazer? Como vão sobreviver a esta situação?”

“Se quiserem comprar alguma coisa podem contactar-me. Não é obrigação. É só porque desta forma as famílias sentem que estão a trabalhar, comprando uma lembrança feita de oliveira da terra de Jesus, em Belém, não na China”, diz, lembrando que “é um bom presente para o Natal”, que se aproxima.

Quem quiser contactar diretamente o vendedor para tentar adquirir algum produto pode saber como aqui, bem como ver as imagens dos diferentes artigos disponíveis.

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