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Bispo do Porto alerta para baixos salários e “risco de insolvência” no setor social

01 out, 2021 - 09:00 • Olímpia Mairos

D. Manuel Linda pede ao Governo que aproveite o dinheiro que vem de Bruxelas para ajudar as instituições e, assim, aumentar o salário dos trabalhadores do setor social.

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O bispo do Porto, D. Manuel Linda, num artigo publicado no site da diocese, alerta para os baixos ordenados no cuidado dos idosos e para a dificuldade sentida pelas instituições em contratar pessoas.

“Começa a ser difícil encontrar pessoas que queiram trabalhar nestes setores, pois o ordenado quase não passa o salário mínimo nacional”, escreve D. Manuel Linda, acrescentando que o serviço neste setor “supõe trabalho por turnos, noites, fins-de-semana, ausência da família, quando esta estaria toda em casa”, assim como “lidar com a dor, o sofrimento e os dejetos dos outros. O que nunca é agradável”.

O bispo do Porto alerta que “entre este trabalho duro e o ficar em casa a disfrutar o RSI vai uma diferença de pouco mais de 200 euros”, assinalando que “começa a ser bem mais atraente” o Rendimento Social de Inserção do que trabalhar nos lares.

O prelado não está contra o RSI, antes pelo contrário, apoia-o “determinantemente” porque “corresponde ao pensamento social da Igreja” e é uma das muitas expressões do “cuidado dos frágeis” na sociedade.

Para D. Manuel Linda, a solução “seria aumentar o salário destes trabalhadores do social. Só que as instituições não o conseguem fazer: ou estão no vermelho ou muito perto disso”.

“Se aguentarem continuar abertas, já não é pouco. Porque o risco de insolvência é real. Com a lógica perda de empregos e consequente entrega dos mais débeis às suas famílias”, alerta o prelado.

Neste contexto, o responsável da Diocese do Porto pede ao Governo que aproveite o dinheiro que vem de Bruxelas para ajudar as instituições e, assim, aumentar o salário dos trabalhadores do setor social.

“Anuncia-se ‘bazucas’ e ‘bazucas’, dinheiro a rodos que nem se sabe bem que fazer dele. Que o Estado, que anda a dormir na forma, acorde, enquanto é tempo. E que se preocupe efetivamente com quem mais precisa. Neste caso, os velhinhos e doentes. E jamais se transforme, mesmo sem se dar conta, na outra face do Estado-Zé-do-Telhado: ‘tirar’ aos pobres para enriquecer os ricos”, conclui o bispo do Porto.

Comentários
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  • Adélio Pequenino
    03 out, 2021 terras da vernária 21:27
    Diz o ditado : Vale mais acordar tarde do que nunca acordar. Ora, vamos dar graças a Deus por ter acordado um BISPO. Pergunto: onde estão os outros SERVOS prejudiciais? Estarão anestesiados com as mesmas CASCAS do trigo que o diabo lhes dá para contentar o pobre ? Boa noite e um santo Domingo de conversão.
  • Cidadao
    02 out, 2021 Lisboa 19:55
    Quem tem RSI, tem tarifas sociais para agua, luz e gás, tem passe gratuito, tem SASE ultimo escalão, tem abono de família, senhas de refeitório, isenção de tx moderadoras para ir a uma consulta/exame médico, apoio judiciário ou seja advogado de borla, isenção de tx de justiça dos processos, pode ir ao Banco Alimentar, pode ir a uma câmara pedir uma habitação de renda social, e pode andar o dia inteiro na praia de papo para o ar, pois na prática, vive à custa dos outros. O trabalhador comum - além do trabalho que implica levantar cedo, uma odisseia de transportes, aturar um patrão explorador a querer sempre mais - não tem nada disto, tem de pagar tudo, e tudo para receber uma esmola insultuosa chamada salário mínimo. Nestas condições acha que vale a pena procurar trabalho? Não seja otário: faça como eles e viva à custa dos tansos
  • Cidadao
    02 out, 2021 Lisboa 19:32
    Esse problema de salários baixos, ou melhor, de salários minimos serem a retribuição costumeira, não acontece só no social, acontece em todo o lado. Porque pensa que já não se encontra gente para trabalhar em muitos setores onde a regra é precariedade e salário mínimo? Porque miséria por miséria, mais vale viver de RSI, ir ao Banco Alimentar, receber roupas e calçado da Igreja e associações, ter ajudas à renda, SASE e outros apoios, pois contas feitas, vai a dar no mesmo que receber o salário mínimo, e não passam 10h/ dia a trabalhar e a aturar um patrão explorador.

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