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Papa quer um futuro “a cores” e um “nós” do tamanho do mundo

06 mai, 2021 - 10:30 • Aura Miguel

Migrantes e refugiados são “nós” e não “outros”, diz Francisco na mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado que se assinala a 26 de setembro.

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O Papa dedica a mensagem para o 107.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que se assinala a 26 de setembrro, ao tema "Rumo a um nós cada vez maior". O texto, divulgado esta quinta-feira, recorda uma passagem inspiradora da encíclica Fratelli Tutti: “Passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de auto proteção egoísta. No fim, oxalá já não existam “os outros”, mas apenas um “nós”(n. 35)”.

A pandemia e as crises do tempo presente revelam que “o nós querido por Deus está dilacerado, ferido e desfigurado”. E as consequências, não só “dividem o nós, no mundo e dentro da Igreja”, como facilmente se resvala para considerar “os outros: os estrangeiros, os migrantes, os marginalizados, que habitam as periferias existenciais”. Francisco não quer muros que nos separam, nem que existam mais os outros, “mas só um nós, do tamanho da humanidade inteira.”

Neste contexto, “rumo a um nós cada vez maior”, o Papa lança um duplo apelo, à Igreja e ao mundo.

“Uma Igreja cada vez mais católica”

Inerente à catolicidade da Igreja e à sua universalidade é ser capaz “de abraçar a todos para se fazer comunhão na diversidade, harmonizando as diferenças sem nunca impor uma uniformidade que despersonaliza”, escreve Francisco. “No encontro com a diversidade dos estrangeiros, dos migrantes, dos refugiados e no diálogo inter cultural que daí pode brotar, é-nos dada a oportunidade de crescer como Igreja, enriquecer-nos mutuamente”.

O Papa quer uma Igreja mais inclusiva, presente “nas estradas das periferias existenciais, para cuidar de quem está ferido e procurar quem anda extraviado, sem preconceitos nem medo, sem proselitismo, mas pronta a ampliar a sua tenda para acolher a todos.” E é, justamente nessas “periferias existenciais” que se encontram “muitos migrantes e refugiados, deslocados e vítimas de tráfico humano, aos quais o Senhor deseja que seja manifestado o seu amor e anunciada a sua salvação”.

Por isso, “os fluxos migratórios contemporâneos constituem uma nova fronteira missionária” e o encontro com migrantes e refugiados de outras confissões e religiões “é um terreno fecundo para desenvolver um diálogo ecuménico e inter-religioso sincero e enriquecedor”, sublinha Francisco.

“Um mundo cada vez mais inclusivo”

A Mensagem do Papa também apela a todos os homens e mulheres da terra para “a caminharem juntos rumo a um nós cada vez maior, a recomporem a família humana, a fim de construirmos em conjunto o nosso futuro de justiça e paz, tendo o cuidado de ninguém ficar excluído”.

Francisco deseja que o futuro das nossas sociedades seja “um futuro «a cores», enriquecido pela diversidade e pelas relações inter culturais”, mas para isso acontecer, é preciso “aprender a viver, juntos, em harmonia e paz” e “empenhar-nos em derrubar os muros que nos separam e construir pontes que favoreçam a cultura do encontro, cientes da profunda interconexão que existe entre nós”.

Francisco insiste que “as migrações contemporâneas oferecem-nos a oportunidade de superar os nossos medos para nos deixarmos enriquecer pela diversidade do dom de cada um” e lança o desafio de se “transformar as fronteiras em lugares privilegiados de encontro, onde possa florescer o milagre de um nós cada vez maior.”

A Mensagem termina com uma oração, onde se recorda que há grande alegria nos Céus ”quando alguém que estava excluído, rejeitado ou descartado é reinserido no nosso nós” e se pede a Deus que abençoe “todo o gesto de acolhimento e assistência que repõe a pessoa em exílio no nós da comunidade e da Igreja,
para que a nossa terra possa tornar-se, tal como Vós a criastes, a Casa comum de todos os irmãos e irmãs”.

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