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Açores

Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres com limitações devido à pandemia

02 mai, 2021 - 08:18 • Olímpia Mairos

Os cristãos são convidados a acompanhar as celebrações pelos meios digitais e a peregrinar interiormente.

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As festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, as maiores festas religiosas dos Açores, vão decorrer pelo segundo ano consecutivo com limitações, devido à pandemia.

O reitor do santuário, o cónego Adriano Borges, explica à Renascença que, devido à situação epidemiológica na ilha de São Miguel, “uma situação ainda muito preocupante”, optaram por fazer “uma festa à semelhança daquilo que também se realizou no ano passado”.

“Faremos apenas uma eucaristia no dia da festa, presidida pelo nosso bispo D. João Lavrador, que será transmitida pela RTP para os nossos emigrantes e também para aqueles que vivem nas nossas ilhas”, indica o sacerdote.

De acordo com o cónego Adriano Borges, “não haverá demonstrações ou manifestações exteriores para evitar que haja aglomeração de pessoas que, neste caso, nesta situação que vivemos, é mesmo mais prudente não realizar nada exterior que chame as pessoas”.

Neste contexto, os cristãos são convidados a acompanhar as celebrações pelos meios digitais e a peregrinar interiormente.

Peregrinar sempre foi algo a que o ser humano sempre aspirou e aspira, que é sair de si mesmo, ir ao encontro de algo, fazer uma viagem. Claro que, no momento que nós vivemos, a parte física, estamos limitados. Então, temos mesmo de fazer uma viagem ao nosso interior e essa viagem ao nosso interior é uma peregrinação do encontro com o Senhor Jesus, através da imagem do Ecce Homo, que é o Senhor Santo Cristo dos Milagres”, explica o reitor do santuário.

Festas regressam em 2022

O cónego Adriano Borges acredita que, em 2022, com boa parte da população vacinada, já será possível realizar a “grande festa que todos nós ansiamos”, depositando, neste momento, “a esperança nas mãos dos cientistas, dos médicos, dos profissionais de saúde, mas também na esperança cristã, nas mãos de Deus e do seu Filho Jesus Cristo”.

As maiores festas religiosas dos Açores, que têm como ponto alto a procissão do Santo Cristo dos Milagres, recebem anualmente milhares de pessoas oriundas de todas as ilhas dos Açores e do continente, bem como dos emigrantes oriundos dos Estados Unidos e do Canadá.

Segundo os dados históricos disponíveis, a primeira procissão em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres teve lugar em Ponta Delgada, em 11 de abril de 1700, ano em que a ilha de São Miguel foi abalada por fortes sismos.

Nessa altura, as forças vivas da sociedade mobilizaram-se e dirigiram-se ao Mosteiro da Esperança para levarem, em procissão, a imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

A imagem do Santo Cristo só sai da Igreja para acompanhar a procissão nas festas, mas saiu excecionalmente, em maio de 1991, para o Campo de São Francisco durante a visita do papa São João Paulo II aos Açores.

Guardiãs do Santuário do Senhor Santo Cristo deixam os Açores

As duas religiosas presentes no Santuário do Senhor Santo Cristo deixam os Açores no verão, por decisão da congregação das Religiosas de Maria Imaculada.

O anúncio chegou pela voz da superiora da comunidade radicada no Convento da Esperança, irmã Célia Faria.

“Temos de saber ler os sinais dos tempos e o que eles nos dizem é que a nossa presença carismática perdeu o grande significado que tinha há alguns anos e, se calhar, hoje somos mais necessárias noutras comunidades”, explicou a religiosa ao portal diocesano ‘Igreja Açores’.

Além do acolhimento de crianças e jovens de famílias mais desprotegidas e também de jovens deslocadas de outras ilhas para trabalho ou estudo, as religiosas assumiram a missão de zelar pela Imagem e pelo culto do Senhor Santo Cristo.

O reitor do santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres recorda que na história do Convento da Esperança, em Ponta Delgada, com mais de 500 anos, sempre houve vida religiosa e afirma que é com pena que vê partir as religiosas de Maria Imaculada.

“É com pena que as vemos partir, porque houve sempre vida religiosa”, afirma o cónego Adriano Borges, admitindo que “agora, provavelmente, teremos um pequeno interregno”.

“Estamos a tentar ver com o senhor bispo e já foram feitos convites a outras congregações no sentido de poderem preencher este vazio que, com certeza, as irmãs deixarão aqui no nosso concelho”, conclui o sacerdote.

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